O ministro da Fazenda, Guido Mantega apresentou, nesta quinta-feira (18), projeções para o crescimento econômico do país. O ministro voltou a dizer que, neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter um crescimento de 1%. Para 2010, o ministro prevê uma expansão de 4%, e para 2011, de 5%.
?Em 2009, teremos um resultado fraco. Positivo, mas muito fraco. Isso significa que teremos que continuar fazendo política fiscal, política monetária, novas medidas que estão sendo praticadas pelo governo, de modo que em 2010 nós possamos alcançar um crescimento de 4%. (...) E que em 2011, possamos voltar a um crescimento de 5% do PIB?, afirmou. ?A crise amainou, mas ainda não é hora de comemorar, ainda há muito a fazer.?
Segundo o ministro, os países que formam o grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) vão liderar o crescimento econômico pós-crise. ?O Bric vai capitanear o crescimento mundial nos próximos anos?, disse, em São Paulo, na entrega do Prêmio Destaque Agência Estado Empresas. ?A crise fez uma espécie de teste de estresse nos países e o Brasil passou neste teste, demonstrou que estava forte. A crise vai colocar os emergentes em destaque. Eles sairão mais fortes?, disse.
Mantega afirmou que apesar de a recuperação ter começado por China e Índia, o Brasil é o país mais atrativo do grupo. ?A recuperação começou pelos países do Bric mais sólidos ? China e Índia. Brasil e Rússia também estão caminhando nesta direção. (...) O Brasil é mais atrativo que os outros Bric, porque têm um sistema financeiro mais moderno.?
Nesta semana, o presidente Lula esteve na Rússia, para encontro com os líderes dos países. Segundo o presidente, os países do grupo "têm demonstrado que estão dispostos a assumir novas responsabilidades, à altura de seu peso no mundo".
Investimentos
Mantega e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que também esteve no evento, disseram que o governo vai adotar medidas para estimular investimentos pelas empresas. "Nós vamos tomar novas medidas para estimular os investimentos, que ficaram bastante deprimidos", disse Mantega, que disse que essas medidas seriam para reduzir o custo dos investimentos.
Segundo Coutinho, o setor que mais preocupa é o de bens de capital (máquinas e equipamentos para empresas), "o primeiro a entrar e o último a sair da crise". "Queremos ajudar o setor nessa travessia", disse ele. Os dois, porém, não deram mais detalhes sobre essas medidas.
EUA
De acordo com o ministro, as medidas anunciadas na quarta-feira pelo presidente norte-americano, Barack Obama, serão ?altamente positivas? para o fim da crise mundial. ?É necessário um avanço na regulamentação do mercado financeiro nos EUA e na Europa, com a redução da alavancagem para não permitir abusos e aventuras como aconteceram.?
Segundo ele, o Brasil já tem uma regulamentação muito avançada e está é uma das razões porque a economia no Brasil está mais sólida que nos Estados Unidos e na Europa.
Mantega também falou que as medidas dos EUA, em um primeiro momento, por causa da ?desalavancagem? (redução da exposição do banco a risco), podem levar a um nível de crédito menor. ?A crise que começou e se agravou em 2008 não acabou, só entrou em uma fase mais benigna. O pior já passou, ou parou de piorar.?
Carros
O ministro da Fazenda não quis comentar sobre uma possível prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros. "Sobre esse tema eu não posso falar nada", disse ele. "O importante é que vale a redução do IPI até o final deste mês. Ainda temos acho que duas semanas pela frente, dá tempo de todo mundo ir comprar o seu novo veículo. Nós ainda não sabemos o que vamos fazer depois."
Mantega disse que a produção de carros no país de janeiro a maio já foi ?ligeiramente superior? à de 2008, no mesmo período. ?Apenas três países conseguiram isso: a Alemanha, porque está despejando dinheiro, a China e o Brasil?, afirmou.
No entanto, de acordo com o último relatório da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de janeiro a maio deste ano as montadoras somam 1.187.007 unidades produzidas, um índice 14,2% menor em relação ao volume fabricado entre janeiro e maio de 2008, de 1.384.080 unidades.