Investigada por fiscais do Banco Central e processada por Silvio Santos, a empresa de auditoria e consultoria Deloitte teve o pagamento de uma parcela de R$ 1,6 milhão suspenso pelo Grupo Silvio Santos.
A Folha apurou que o dinheiro deverá ser depositado nesta semana em juízo e só terá um destino após as investigações do grupo de Silvio Santos.
ENTENDA O CASO
O Grupo Silvio Santos, o acionista principal do PanAmericano, anunciou que colocará R$ 2,5 bilhões no banco para cobrir um prejuízo causado por uma fraude contábil. Em seu comunicado oficial, a diretoria do banco menciona "inconsistências contábeis". O dinheiro virá de empréstimo do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
O BC descobriu que o PanAmericano vendeu carteiras de crédito para outras instituições financeiras, mas continuou contabilizando esses recursos como parte do seu patrimônio. O problema foi detectado há poucos meses e houve uma negociação para evitar a quebra da instituição, já que o rombo era bilionário.
A quebra só foi evitada após o Grupo Silvio Santos assumir integralmente a responsabilidade pelo problema e oferecer os seus bens para conseguir um empréstimo nesse valor junto ao FGC. Como o fundo é uma entidade privada, não houve utilização de recursos públicos. Além disso, a Caixa Econômica Federal, que também faz parte do bloco de controle, não terá de arcar com a perda.
A Polícia Federal informou que instaurou, nesta sexta-feira, inquérito policial para apurar a eventual prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. O Ministério Público Federal informou que também vai investigar as transações do banco.
INVESTIGAÇÕES
O Banco Central caiu em cima de pelo menos seis bancos pequenos para averiguar como eles contabilizam as carteiras vendidas a outras instituições, após descobrir fraude no PanAmericano.
O objetivo é detectar uma eventual disseminação de prática contábil fraudulenta nesses bancos na hora de registrar carteiras cedidas.
O "pente fino" se iniciou no último dia 29, antes do feriado de Finados, quando o BC se preparava para falar sobre o assunto.
A fiscalização do BC enviou comunicado a instituições que também adquiriram carteiras de crédito, pedindo explicações detalhadas sobre as operações. O pedido exigiu trabalho dobrado das áreas técnicas para enviar as informações com urgência.
Segundo a Folha apurou, os questionamentos ocorreram quase dois meses após o BC ter detectado as irregularidades no PanAmericano.