Grécia dá calote e não paga dívida de € 1,6 bilhão ao FMI

País é a primeira economia avançada a ficar em atraso com o órgão

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A Grécia não pagou a parcela de € 1,6 bilhão de sua dívida que venceu às 19h (horário de Brasília) desta terça-feira (30) e entrou em moratória (atraso), confirmou poucos minutos depois do prazo o Fundo Monetário Internacional (FMI), credor do pagamento.

O país é a primeira economia avançada a ficar em atraso com o órgão. A moratória acontece quando um país ou devedor declara não ter condições financeiras de cumprir suas obrigações.

O FMI também disse, em comunicado, que vai considerar pedido feito horas antes por Atenas para prorrogar o prazo do pagamento até novembro."Nós informamos à Assembleia de Governadores que a Grécia agora está em atraso e só poderá receber financiamento do FMI quando for resolvido", disse o porta-voz do FMI, Gerry Rice.Também expirou, às 19h, o pacote de ajuda que entrou em vigor em 2012 e não foi prorrogado pelo Eurogrupo – já que não houve acordo entre Atenas e os credores.

Pela manhã, o ministro da Fazenda grego, Yanis Varoufakis, disse que não pagaria a parcela ao FMI. Tecnicamente, o fundo só considera calote o atraso de mais de seis meses no pagamento das dívidas, a partir da data do vencimento. Sem um acordo até o prazo, a última parcela da ajuda, de € 1,8 bilhão, não está mais disponível para a Grécia – e não foi prorrogada pelo Eurogrupo –, e títulos de € 10,9 bilhões para cobrir o custo de recapitalização dos bancos serão cancelados, informou nesta terça o EFSF – órgão criado em 2010 para ajudar países europeus afetados pela crise econômica.O Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia (UE) exigiram, em troca da ajuda financeira, que a Grécia fizesse uma série de reformas econômicas que incluem medidas como aumento de impostos e cortes nas aposentadorias.

O esforço fiscal seria da ordem de € 2 bilhões. Mas a Grécia não aceitou fazer essas reformas.Nas últimas semanas, houve diversas tentativas de acordo em negociações entre o governo grego e ministros da zona do euro, sem sucesso. A Grécia recusou as exigências, alegando que elas prejudicariam ainda mais a situação econômica do país.Há ainda um fator político: o premiê grego, Alexis Tsipras, venceu as eleições em janeiro com a promessa de acabar com medidas de "aperto financeiro" como as do governo anterior. Na sexta-feira (26), Tsipras convocou um referendo para que a população diga se quer ou não que a Grécia aceite as reformas econômicas impostas pelos credores. Em pronunciamento pela TV na segunda (29), o premiê pediu que os gregos escolham o "não".

Assustados com a crise, os gregos iniciaram uma corrida aos bancos para retirar seu dinheiro das instituições. Com a onda de retiradas, o governo anunciou neste fim de semana "feriado bancário", que teve início na segunda.Na noite de segunda, milhares de gregos reuniram-se em frente ao Parlamento em Atenas para dizer "não" às reformas exigidas pelos credores. Tsipras disse que vai respeitar a decisão do povo "qualquer que seja", e que após a votação o governo retomará as negociações. "O referendo dará à Grécia melhores armas para negociar", afirmou.O referendo, porém, foi marcado para 5 de julho, quando já terá vencido o prazo de pagamento.

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