O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não descartou nesta sexta-feira a possibilidade de o governo adotar mais medidas para frear a alta do real, mas afirmou que ainda é preciso avaliar se o mercado de câmbio irá se estabilizar depois das ações já adotadas.
Mantega disse estar "particularmente atento" ao mercado futuro de câmbio e citou, como possíveis ações, a limitação de exposição a risco dos investidores.
"Temos que observar, não vamos nos precipitar, para ver se não dá uma acalmada. Se não (acalmar), tomaremos mais medidas", disse o ministro a jornalistas na portaria do Ministério da Fazenda.
Mais tarde, em entrevista à GloboNews, Mantega foi questionado se novas medidas cambiais serão anunciadas já na próxima semana. "Não sei, você não anuncia medidas cambiais por antecedência, você olha todo dia", afirmou.
Segundo o ministro, o mercado futuro gera mais preocupações pelo elevado grau de alavancagem das operações. "O cidadão vem com US$ 100 milhões e faz operação de US$ 1 bilhão", disse.
"Você pode limitar exposição a risco, limitar alavancagem das empresas, você tem vários outros mecanismos que podem atuar no mercado futuro."
O governo dobrou a taxação sobre investimentos estrangeiros em renda fixa no início deste mês. Também como esforço para conter a valorização do real, elevou o volume de dólares que o Tesouro pode comprar no mercado para saldar vencimentos futuros de dívida.
"Eu acredito que a principal razão que nós tivemos para essa valorização dos últimos dias foi uma forte entrada de dólares que houve no mês de setembro por causa da Petrobras", afirmou o ministro em referência à operação de capitalização da estatal.
"Foram US$ 16 bilhões que entraram em setembro, é uma soma extraordinária. Diminuiu a entrada em outubro."
Nesta sessão, o dólar recuava levemente, negociado em torno de R$ 1,66 e mantendo-se nos menores níveis desde setembro de 2008, antes do agravamento da crise global.