Reunido com deputados do PSDB, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, defendeu nesta terça-feira as condições que levaram o governo a propor um salário mínimo de R$ 545 neste ano. Segundo ele, se o cálculo de reajuste atual for mantido, o mínimo para o ano que vem pode chegar a R$ 616 - um aumento de 13% em relação aos R$ 545.
"Nossa proposta é cumprir a regra acordada em 2007, e propor uma política de longo prazo, em que no primeiro ano de cada mandato o presidente cumpra a regra adotada no governo passado e determine um nova para os próximos anos. A nossa proposta é que a regra atual vá até 2015", afirmou o secretário aos membros do principal partido de oposição.
Segundo Barbosa, um reajuste maior, como os R$ 580 defendidos pelas centrais sindicais, pode prejudicar o equilíbrio das contas do governo. O secretário afirmou que não há espaço para fazer essa despesa adicional sem comprometer a saúde fiscal do País - um valor de R$ 580 representaria cerca de mais R$ 10,5 bilhões no Orçamento.
O contingenciamento de gastos anunciado na semana passada já levou em consideração os gastos com o salário de R$ 545, de acordo com Barbosa. O secretário-executivo da Fazenda também alegou que não há motivos que justifiquem um aumento adicional do mínimo neste momento. Segundo Barbosa, mesmo durante a crise financeira mundial, as medidas tomadas pelo governo para reduzir o impacto no Brasil acabaram beneficiando o trabalhador.
"Em 2009 corrigimos a tabela do Imposto de Renda, o que significou um adicional de R$ 2,1 bilhões na renda das famílias. Não houve prejuízos às famílias, por isso não se justifica essa excepcionalidade", disse. No projeto da política de valorização do salário mínimo encaminhado pelo governo Dilma na última semana, a fórmula de cálculo da ampliação do benefício leva em conta a inflação do período acrescida da variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. Com a crise financeira mundial, o PIB de 2009 foi negativo. O projeto deve ser votado nesta quarta-feira.