A montadora americana General Motors (GM) e a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciaram nesta quinta-feira a venda da Opel ao fabricante de equipamentos canadense Magna, associado ao banco russo Sberbank, como queria o governo da Alemanha. A 17 dias das eleições legislativas, que têm Angela Merkel como favorita, coube à própria chanceler dar a notícia.
"O conselho de administração da GM decidiu vender a Opel à Magna", declarou, feliz, à imprensa. "Estou muito contente com esta decisão", acrescentou. O gigante americano confirmou a informação pouco depois, destacando que alguns pontos devem ainda ser negociados e que a assinatura de um acordo definitivo deve sair nas próximas semanas. "Sei que não foi uma decisão fácil para a General Motors, mas estou feliz que a Opel agora tem um futuro", comentou Klaus Franz, chefe do comitê de administração da Opel.
"É com certeza uma boa notícia. Mas se a GM ainda tem condições, ainda temos que ver se após as eleições a Magna poderá atendê-las. É positivo, mas a decisão deve manter assim agora", comentou Uwe Laubach, sindicalista da IG Metall em Eisenach, uma das quatro fábricas alemãs da Opel. Os 25.000 assalariados alemães da Opel (para um total de 50.000 na Europa) estão na incerteza há meses pela demora de sua casa matriz. Nos últimos dias, os rumores se intensificaram com a vontade repentina da GM de conservar a Opel e sua gêmea britânica Vauxhall.
Em maio passado, a GM e a Magna já haviam assinado uma carta de intenção, após intermináveis noites de negociações sob patrocínio do governo. Mas a GM, a favor de um procedimento claro de falência, assumiu o caso e relançou o processo para melhorar a relação de força com a Magna. "Isto mostra que a paciência e a determinação do governo federal valeu. Não foi um caminho fácil", disse Merkel. Fritz Henderson, presidente da GM, falou em um "trabalho difícil realizado nas duas últimas semanas para esclarecer as questões ainda em aberto".
A GM quer ceder 55% da Opel e da Vauxhall à Magna/Sberbank, que deve dividir esta parte em metade para cada, e 10% aos assalariados. O construtor americano manteria assim 35% de suas antigas filiais europeias. A proposta de Magna prevê a transferência de uma parte da produção de Zaragoza para a fábrica alemã de Eisenach, anunciou, ao apresentar à imprensa os detalhes da venda da Opel, a filial europeia do gigante americano, que tem 7.000 empregados na Espanha.
O vice-presidente da GM, John Smith, confirmou que os novos acionistas majoritários da Opel, o consórcio russo canadense Magna/Sberbank, prevêem a transferência parcial da produção de sua fábrica de Zaragoza (norte da Espanha) para a Alemanha. Smith não comunicou detalhes sobre a dimensão da transferência da produção espanhola. Em contrapartida, anunciou que o consórcio Magna/Sberbank prevê fechar "progressivamente" a fábrica belga de Anvers, uma empresa que emprega mais de 2.000 pessoas. "De uma forma ou de outra, as quatro fábricas alemãs serão mantidas", disse Smith. A Opel tem 50.000 funcionários na Europa.