Quase um terço dos brasileiros já sabe que deve gastar mais nas compras de Natal deste ano ao comparar o que compraram no ano passado. E 45% pretendem manter os gastos no mesmo patamar do final do ano de 2012.
O dado pode indicar a retomada de otimismo do consumidor. Mas pode mostrar também que, sob impacto de inflação mais elevada e orçamento mais comprometido com endividamento, os brasileiros estão cautelosos com gastos: 60% têm intenção de compra roupas e sapatos e 19%, perfumes.
Somente entre 4% e 5% dos pesquisados pela Hello Research, agência de inteligência de mercado, informam que pretendem gastar com produtos que custam mais como televisores e eletrodomésticos (ar condicionado, fogão, liquidificador, batedeira, aspirador de pó)
Os resultados fazem parte de levantamento feito com 1.200 consumidores entre os dias 25 de setembro e 5 de outubro, com entrevistas realizadas pessoalmente em 70 cidades do país.
A intenção de compra é maior na região Nordeste, onde 76% dos consumidores declararam que vão comprar mais ante 65% no ano passado. O desempenho é explicado por causa da distribuição de renda maior nessa região e por causa de programas assistenciais - como o Bolsa Família - que têm incrementado o consumo, especialmente dos brasileiros de classes menos favorecidas.
Um terço dos consumidores de renda mais elevada informou ainda que deve fazer as compras de final de ano pela internet. Para Davi Bertoncello, diretor da consultoria, o patamar de compras pela web é relevante e indica situação que deve ser considerada pelos comerciantes que atuam nesse ramo.
IMPULSO NA ECONOMIA
Para parte dos especialistas, o consumo do final de ano deve ser impulsionado com o pagamento do 13º salário e de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de algumas categorias profissionais.
No caso dos bancários, por exemplo, o pagamento da antecipação da PLR, o prazo vai até segunda-feira (dia 28), deve significar incremento de R$ 2,8 bilhões na economia brasileira, segundo projeção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgadas por entidades que representam os trabalhadores desse ramo.
No caso dos metalúrgicos, o pagamento do 13º salário deve injetar R$ 2,1 bilhões na economia do paí, segundo estudo da subseção do Dieese da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT.
Claudio Felisoni, presidente do Conselho do Provar (Programa de Administração do Varejo) da Fia-USP, ressalta, entretanto, que há fatores que podem reduzir as vendas de final de ano.
"Há um conjunto de fatores que têm afetado muito o ânimo de compra dos consumidores, como menor ritmo de crescimento da massa real de salários, o volume de crédito mais restrito no mercado, a maior taxa de juros, a inflação em níveis também mais elevados, o comprometimento maior de renda e a inadimplência. Assim, a tendência é de desaceleração [do crescimento do varejo], mesmo com os incentivos de final de ano como datas sazonais e o pagamento do 13º salário", afirma Felisoni
No ano passado, o varejo cresceu 8,4%, segundo dados do IBGE. Neste ano, os economistas preveem um percentual menor - entre 4% e 4,5%.