Os brasileiros gastaram US$ 2,1 bilhões no exterior em janeiro de 2014 ? na cotação desta sexta-feira (21), seria o equivalente a R$ 4,95 bilhões. O valor, anunciado pelo Banco Central (BC), é um pouco inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado: US$ 2,3 bilhões, quando o gasto bateu recorde para os meses de janeiro.
No fim do ano passado o governo brasileiro adotou medidas para tentar conter esse tipo de gasto. A alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide sobre os pagamentos em moeda estrangeira feitos com cartão de débito, saques em moeda estrangeira no exterior, compras de cheques de viagem (traveller checks) e carregamento de cartões pré-pagos foi elevada de 0,38% para 6,38%. Com isso, essas operações passaram a ter a mesma tributação dos cartões de crédito internacionais.
Em 2013, as despesas de brasileiros no exterior bateram recorde histórico, ao atingirem US$ 25,34 bilhões ? alta de 14% em relação aos US$ 22,23 bilhões registrados em 2012, que eram o recorde anterior. Isso ocorreu apesar da alta de 15% do dólar no ano passado, a maior dos últimos 5 anos e responsável por encarecer passagens e hotéis cotados em moeda estrangeira.
Mesmo com a alta do IOF para despesas no exterior, a previsão do Banco Central é que as despesas lá fora devam registrar novo crescimento neste ano e, com isso, bater novo recorde histórico. Essa alta, porém, deve ser menor do que os 14% registrados em 2013.
Alta do dólar
O chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel, avaliou que a alta do dólar em relação ao real nos últimos meses, que tornou mais caras as viagens internacionais e as compras feitas lá fora, foi o principal motivador da queda no valor dos gastos dos brasileiros no exterior. De acordo com ele, foi o primeiro recuo em uma comparação mensal (resultado de um mês contra a do mesmo mês no ano anterior) desde setembro de 2012.
?[As despesas de brasileiros no exterior] Ainda estão em um patamar alto, mas mostraram recuo, o primeiro em alguns meses. Não há duvida que a variação do câmbio é relevante nessa equação, é o principal impacto?, disse Maciel.
O diretor do BC disse que o impacto da alta do IOF não foi tão significativo para o resultado do mês passado, apesar do novo modelo de tributação que elevou o custo dos gastos no exterior desde o final do ano passado. Segundo ele, vem sendo verificada nos últimos anos uma redução gradual do uso de cartões, tanto de débito quanto de crédito, nas compras feitas lá fora. Em 2011, os cartões eram usados em 60% das despesas. Em janeiro, esse índice foi de 50,6%.
Tulio apontou ainda que, em 2013, o uso do cartão de crédito ou débito em gastos no exterior cresceu apenas 0,5%, enquanto que, de uma maneira geral, as despesas com viagens internacionais registraram aumento de cerca de 20% no mesmo período.