O trabalhador cearense ainda enfrenta desrespeito a compromissos social e trabalhista. Relatório divulgado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), no Ceará, mostra que, em janeiro último, 2.279 empregados foram flagrados trabalhando sem carteira assinada nos três setores da economia no Estado. Eles tiveram a situação regularizada pela entidade.
O número revela crescimento de 83,5% sobre os 1.242 flagrantes registrados pela SRTE em janeiro de 2007, ano em que foram identificados 41.355 empregados trabalhando sem direitos mínimos assegurados, ou seja, sem o registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Desse total, 12.491 trabalhadores sem carteira assinada, ou 30,2%, foram identificados no setor industrial, 7.287 (17,62%), na construção civil; 6.671 (16,13%), no comércio; 6.400 (15,5%), na agricultura e 3.672, ou o equivalente a 8,9%, no setor de serviços, ao longo de 2007.
Para o titular da SRTE, no Ceará, Papito de Oliveira, é contraditório ver lideranças empresariais e industriais falando em relações trabalhistas modernas, quando, por outro lado, os direitos básicos não são assegurados.Em janeiro deste ano, a lista das irregularidades trabalhistas foi puxada pelo setor comercial, com 614 casos, seguido pela construção civil, com 595 anotações, e a indústria, com 495 registros e conseqüentes regularizações.
No segmento financeiro foi onde se detectou o menor número de falta de registros trabalhistas ? uma em janeiro último, e 167 no ano passado. ´Há casos no comércio, em que as pessoas trabalham até 12 horas, por dia, sem receber horas extras´, criticou Oliveira.
De acordo com ele, muitos comerciantes fecham as lojas às 18 horas, mas obrigam o comerciário a trabalhar na arrumação da loja e das mercadoras, no fechamento do caixa etc, sem pagar nada a mais pelas horas extras trabalhadas.
Segundo o titular da SRTE, no Ceará, a situação já foi pior no passado. Eçe disse que, agora, alguns setores começam a melhorar. O que não ocorre, por exemplo, no setor da construção civil, no qual foram detectados, em janeiro de 2007, 316 trabalhadores sem carteira assinada. Já em janeiro último, o número pulou para 595, um acréscimo de 88,3%.