As medidas de regulação do mercado de crédito anunciadas nesta sexta-feira (3) pelo Banco Central têm, entre os seus objetivos, evitar empréstimos de longo prazo sem entrada, ou com entrada de valor baixo para a venda de automóveis.
Isso porque o Banco Central percebeu que em alguns setores, principalmente nas vendas de veículos, o calote dos consumidores estava atingindo níveis perigosos.
Um calote generalizado poderia se transformar em uma bolha, ou o ?subprime do veículo?, em alusão ao estouro da bolha do mercado imobiliário americano em função de empréstimos subprime, ou empréstimos de risco maior pela falta de garantias de pagamento.
De acordo com as novas regras do Banco Central, para o financiamento de automóveis com prazos de 24 a 36 meses, o capital que a instituição financeira precisa ter para conceder o empréstimo passa de 11% do valor do empréstimo para 16,5%. Isso se o valor da entrada for menor do que 20% do valor do bem.
O diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Mendes, explicou a medida.
- Isso quer dizer que o dinheiro que o banco precisa ter para conceder um empréstimo de R$ 100 passa de R$ 11 para R$ 16,50.
Na prática, isso significa que os empréstimos de longo prazo sem entrada ficarão mais caros, pois a garantia do banco terá de ser maior, e portanto os juros cobrados devem aumentar.
Para financiamento de carros com prazo entre 36 e 48 meses, as alíquotas de garantia aumentam para entradas de até 30% do valor do carro. Já para financiamento de prazo entre 48 a 60 meses a medida vale para entrada de até 40% do valor do automóvel e para financiamento de prazos maior a 60 meses independente do valor da entrada.
Outras modalidades de crédito
O Banco Central também aumentou as garantias que os bancos devem ter para conceder empréstimos de longo prazo para crédito consignado e crédito pessoal. Nestes casos, onde não há valor de entrada, as novas regras valem para empréstimos acima de 36 meses para o crédito consignado (empréstimo com desconto em folha) e acima de 24 meses para o crédito pessoal.
Inadimplência
De acordo com o Banco Central, empréstimos com prazos de um a dois anos apresentam, após 12 meses, inadimplência de 1,5%. Para empréstimos com prazos de três a quatro anos, a inadimplência sobe para 6% e para 8% para prazos de cinco a dez anos.
De acordo com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles as taxas de inadimplência atuais mostram que é preciso aumentar as garantias do banco.
- Isso mostra que é preciso reduzir a inadimplência e aumentar as garantias. São medidas prudenciais que terão efeito no mercado de crédito. Pode se afirmar que terão impacto macroeconômico, no tamanho do mercado de crédito e nos preços.