A agricultora Aniedja Helena da Silva mora em uma pequena propriedade rural, em Caruaru, no agreste de Pernambuco. Enquanto ela cuida das galinhas, o marido, Cristiano Soares Pereira, toma conta das palmas que vende como alimento para o gado. Ultimamente a vida no campo não está nada fácil. ?A gente criava os animais aqui e hoje não pode mais, porque não tem água, ração nem pasto.?, diz o agricultor.
Os dois são casados há mais de dez anos. A família ainda é formada por três filhos e provavelmente não vai ser possível comprar presentes para o dia das crianças. ?Infelizmente não vamos poder comprar, porque a situação para quem mora na roça não está fácil?, afirma a agricultora.
A falta de condições dos pais nunca foi um problema para os filhos. Allan, o mais velho, de 12 anos, é tão criativo que faz os próprios brinquedos. Inspirado na natureza e no que vê no dia a dia, ele transforma o que iria pro lixo em diversão.
?Eu uso tampinhas de garrafas, resto de tomadas, barbantes e embalagens de produtos de limpeza?, conta Allan David Soares da Silva.
Desde os cinco anos de idade ele constrói os brinquedos. Já tem mais de 150 tipos diferentes, a maioria são animais. Em poucos minutos, olhando apenas a fotografia de um pássaro, Allan transformou uma embalagem de produto de limpeza em um sabiá. Os brinquedos fazem a festa dos amiguinhos que moram por perto.
Para o menino, brinquedos caros não são importantes. ?Eu não fico triste dos meus pais não poderem comprar brinquedos pra mim, porque assim a gente pode comprar comida. Os brinquedos eu mesmo faço.
O dinheiro é bem material, a gente tem que pensar nos outros também, na família?, declara o menino.