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FGTS: Veja como liberação de R$ 12 bilhões pelo Governo Federal vai impactar economia

Governo libera R$ 12 bilhões do FGTS para trabalhadores demitidos de 2020 para cá. Novas regras serão publicadas nesta sexta-feira (26).

Medida temporária para Saque FGTS terá regras publicadas nesta sexta-feira (28) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A mudança temporária nas regras de quem optou pelo saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) deve injetar R$ 12 bilhões na economia brasileira. Esta é uma projeção do governo federal, que publicará nesta sexta-feira (28), as novas regras permitindo a liberação do saldo do fundo para os trabalhadores do saque-aniversário demitidos de janeiro de 2020 para cá.

A nova medida vai beneficiar 12,1 milhões de pessoas, que receberão R$ 12 bilhões. Economistas e especialistas do mercado financeiro avaliam a liberação com cautela e apontam a medida como uma tentativa de aumentar a popularidade do presidente. Além disso, consideram que a injeção de dinheiro possa superaquecer a economia e pressionar mais a inflação.

Para Jason Vieira, economista-chefe da Lev, essa injeção de dinheiro tem potencial de aumentar a inflação. "São recursos que estão indo direto para a economia. Ainda há uma parcela da população endividada, e isso, em parte, vai para limpar o portfólio de dívida. Mas, ao mesmo tempo, há um problema de inflação", afirma Vieira em entrevista ao g1.

Daniel Cunha, estrategista-chefe da BCG Liquidez, aponta que é difícil estimar os impactos quantitativos da medida, mas que qualitativamente a decisão vai na contramão do que o mercado espera do governo.

"A medida vai no sentido contrário ao esforço do Banco Central de adequar o ritmo de crescimento da economia, de modo a permitir um processo desinflacionário e de ancoragem de expectativas para o centro da meta", diz Cunha.

Por outro lado, outros especialistas avaliam que o montante de dinheiro não é suficiente para superaquecer a economia, mesmo que a medida incentive o consumo e gere uma pressão momentânea nos preços. Lucas Sigu Souza, sócio-fundador da Ciano Investimentos, estima que, considerando um salário médio no Brasil de R$ 2.500 e 100 milhões de empregados, a faixa de giro mensal na economia é de R$ 250 bilhões, fazendo com que os R$ 12 bilhões não sejam tão relevantes. "Não entendemos que esse valor irá ter algum efeito visível. Trata-se de uma tentativa de melhorar a popularidade do governo", diz Souza ao g1.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, tem uma visão parecida e afirma que a medida é "muito mais discurso do que efeito econômico" e que o valor não chega nem a 0,01% do PIB no que diz respeito ao consumo das famílias.

"Esse dinheiro estará disponível para quem quiser. Poderá ser utilizado, por exemplo, para pagar conta – estamos com um índice de endividamento das famílias muito elevado. Pode ser também para ficar guardado", diz Agostini.

"Eu não creio que tenha potencial para estimular a economia, dado o que ele representa de impacto para o PIB. É quase nada."

O QUE MUDA COM A NOVA REGRA?

Em 2019, o governo Bolsonaro criou a modalidade de saque-aniversário do FGTS, permitindo que os trabalhadores retirassem entre 5% e 50% do saldo de sua conta no mês de seu aniversário. No entanto, ao optar por essa modalidade, o trabalhador perde o direito de sacar o total do saldo em caso de demissão sem justa causa, que só é possível no saque-rescisão. Caso queira voltar à modalidade anterior, a mudança só acontece após dois anos e não garante o resgate de valores de demissões passadas.

Agora, o governo Lula implementa uma medida temporária que permitirá aos trabalhadores que escolheram o saque-aniversário e foram demitidos sem justa causa de janeiro de 2020 em diante a retirada do saldo disponível na conta. Inicialmente, o saque será limitado a R$ 3 mil, e valores superiores só poderão ser retirados após 110 dias da publicação da medida. Esta mudança terá caráter temporário, e após esse período, os trabalhadores voltarão à regra anterior, com o saldo retido e recebendo apenas a multa de 40%.

Com informações do g1

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