Famílias alugam cama em casa por até R$ 1.500 por noite durante a Copa

Moradores abrem as portas para turistas pela primeira vez no mundial. Há apartamento para 4 pessoas por R$ 5,9 mil por noite, no Rio.

O casal Henrique e Laura vai receber turistas em casa, durante o mundial. | Arquivo pessoal
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De olho nos turistas que vêm ao país para assistir aos jogos da Copa do Mundo, os brasileiros colocaram mais de 100 mil camas para alugar em suas próprias casas, de acordo com a oferta de sites que fazem a ligação entre turistas e quem tem um quarto disponível. E uma única noite pode sair por até R$ 1.500 por pessoa.

18/5/2014 11h03 - Atualizado em 18/5/2014 11h04

Famílias alugam cama em casa por até R$ 1.500 por noite na Copa

Moradores abrem as portas para turistas pela primeira vez no mundial.

Há apartamento para 4 pessoas por R$ 5,9 mil por noite, no Rio.

Do G1, em São Paulo

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De olho nos turistas que vêm ao país para assistir aos jogos da Copa do Mundo, os brasileiros colocaram mais de 100 mil camas para alugar em suas próprias casas, de acordo com a oferta de sites que fazem a ligação entre turistas e quem tem um quarto disponível. E uma única noite pode sair por até R$ 1.500 por pessoa, segundo dados obtidos pelo G1.

Ivone Ferreira vai alugar dois ? quem sabe três ? quartos da casa pela primeira vez na Copa. (Foto: Arquivo pessoal)

Ivone Ferreira vai alugar dois ? quem sabe três ? quartos da casa, em Belo Horinzonte, pela primeira vez na Copa (Foto: Arquivo pessoal)

No Airbnb, um dos sites de aluguel em casas de família que opera no país, há por volta de 20 mil anúncios para a época do mundial, superando 82 mil leitos disponíveis. No Homestay Brazil, outro site do tipo, são mais de 19 mil. Em relação ao período anterior e posterior à Copa, a procura por quartos e o número de pessoas dispostas a abrir a casa para desconhecidos dobrou, dizem os sites.

O preço pedido pelos brasileiros também subiu mais de 100% na época do evento e até gera preocupações sobre o volume de negócio dos sites, segundo a Homestay.

Os anfitriões que mais parecem estar aproveitando para pedir somas altas são os de cidades em que a oferta hoteleira é menor. É o caso de Cuiabá, em que o valor médio de um aluguel está em R$ 609,84, e de Manaus, R$ 375,10, de acordo com a Airbnb. Esses preços estão acima da média pedida no Rio de Janeiro, de R$ 307,34, que é a cidade que tem mais anúncios e reservas confirmadas até o momento, seguida de Salvador (R$ 217,80) e São Paulo (R$ 220,22).

?Muitos hóspedes estão impressionados com os valores que estão sendo praticados, de forma geral. Quando buscam hospedagem alternativa, querem preço mais baixo e muitos anfitriões estão com o objetivo de ficar rico na Copa?, diz o co-fundador da Homestay Leonardo Neves. Segundo ele, a equipe está fazendo uma espécie de regulação dos preços por meio de conversas com os anfitriões sobre o valor pelo qual os imóveis estão sendo alugados e o que os hóspedes estão dispostos a pagar.

O Airbnb tem adotado a mesma política. ?Orientamos os anfitriões para que não inflacionem os preços para a Copa do Mundo, pois tiveram o exemplo das Olimpíadas em Londres ? por conta dos preços abusivos, muitos anfitriões acabaram sem reserva para o evento?, diz Christian Gessner, diretor geral do Airbnb no Brasil, por e-mail.

Mais de R$ 1 mil a diária

Um dos anúncios que impressiona pelo preço é o de um apartamento de dois quartos na zona sul do Rio, em que o anfitrião pede R$ 5.895 por noite para quatro pessoas, o que dá quase R$ 1.500 por hóspede. No mesmo nível de preços, uma casa em Belo Horizonte, em que cabem até 15 hóspedes em quatro quartos e uma suíte, está para alugar por R$ 19.335,60 a diária.

No Homestay Brazil, a busca por um lugar pra ficar nas cidades-sede cresceu mais de 200% a partir de abril, diz o co-fundador Leonardo Neves, e muitas pessoas vão abrir a casa para um desconhecido pela primeira vez no mundial. ?Em março a média era de 36 cadastros diários e a partir de abril passou para cerca de 54 novos por dia?, diz.

Um dos anfitriões de primeira viagem é Ivone Alves Ferreira, de Belo Horizonte, que vai receber um casal da Inglaterra e outro da Colômbia durante a Copa, mesmo sem falar outras línguas e nunca ter saído do país. ?Não falo inglês nem espanhol, meu filho é que vai me auxiliar nisso, porque eu mal e mal falo português?, brinca.

A reserva dos quartos deixados pelos filhos que casaram foi tão rápida que Ivone resolveu anunciar também o dela e do marido ? que vão para um "puxadinho" nos fundos da casa, se houver mais hóspedes. Cobrando R$ 80 por pessoa por noite, ela pretende fazer uma renda extra para ajudar no orçamento e diz confiar na segurança do site. ?Não conheço ninguém que já tenha alugado assim, mas fiquei bem entusiasmada. Acho que é bem seguro porque me passaram até documento de quem vem?, diz.

Cobrando por volta de R$ 400 por noite para um casal, o comunicador Henrique Raizler, 50 anos, e sua mulher Laura Conti, de 36, já alugaram as duas suítes da casa por nove noites para 20 hóspedes argentinos e australianos. Acostumados a viajar e usar serviços de aluguel de quartos, eles decidiram abrir a casa há cerca de um ano, mas só vão estrear como anfitriões durante a Copa.

Antes do evento, o casal recebeu algumas consultas de hóspedes mas não fechou nenhum aluguel ? um dos pretendentes queria ficar três meses e eles acharam tempo demais. Com os grupos na Copa, os períodos são curtos e eles acreditam ter deixado claro que se trata de um ambiente familiar, por isso acreditam que não terão problemas.

Por ser uma casa com clima de praia e em condomínio fechado, Henrique acredita estar pedindo um preço junto. "A casa é grande, tem jardim, tem wi-fi, fica relativamente próxima do estádio, então acho que estamos apresentando valores até mais baratos que de outros locais. Há vontade de ganhar dinheiro, claro, mas queremos uma remuneração que seja justa e também receber bem que vai vir?, diz.

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