O euro registrou nesta sexta-feira (5) a menor cotação em relação ao dólar desde maio, a 1,3658, afetado pelas preocupações com as dificuldades orçamentárias de vários países europeus. A moeda única usada por 16 países da União Europeia (UE) caiu a 1,3648 por dólar às 8H30 GMT (6H30 de Brasília), a menor cotação desde 6 de maio de 2009.
A divisa europeia é afetada pelos persistentes temores sobre as difíceis situações orçamentários de alguns países da zona do euro, como Grécia, Espanha e Portugal. Com pesados déficits fiscais, esses países levantam dúvidas sobre sua capacidade de pagar dívidas e pressionam a cotação da moeda comum.
Queda nas bolsas
Os temores sobre a capacidade de pagamento dos países europeus se espalharam nesta quinta-feira, depois que a repentina escalada nos custos para proteção contra um default (calote) da dívida soberana de Portugal levou a um medo de cortes no rating de vários países, após o governo local ter falhado em tentar aprovar um projeto para reduzir o déficit público.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o dia foi de perdas pesadas, com o Ibovespa caindo 4,75%. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones, referência na Bolsa de Nova York, fechou em queda de 2,61%, aos 10.002 pontos.
Dívidas
A situação mais grave é a da Grécia. O país tem a maior dívida da zona do euro, que deve atingir 120% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. A dívida de Portugal deve alcançar 84,5% do PIB e a da Espanha, 66,3%, abaixo da média da zona do euro. A dívida desses dois últimos países, no entanto, está aumentando rapidamente.
O primeiro-ministro grego, George Papandreou, procurou acalmar os temores dos investidores sobre o déficit de seu país, dizendo que Atenas está implementando mudanças tributárias e absorvendo recursos significativos para União Europeia. "Eu consigo entender as dúvidas, mas é por isso que temos que nos provar. Iremos aplicar de forma crível esse programa", disse Papandreou a jornalistas durante visita à Índia.
Nesta semana, o país apresentou um plano anti-déficit à União Europeia e congelou os salários dos funcionários públicos. Além dos congelamento dos salários, Papandreou disse que a Grécia vai elevar os impostos sobre combustíveis, uma medida que o governo resistia em adotar, mas que deverá gerar centenas de milhões de euros em receita.
Papandreou também falou sobre as medidas que a Grécia já se comprometeu a adotar, incluindo um corte de 10% nos gastos dos ministérios, um corte de 10% nos salários suplementares para funcionários públicos e o congelamento nas novas contrações.