Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (9) a compra de pesos argentinos e a assinatura de um acordo de swap cambial no valor de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina, segundo informou o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Os detalhes das operações não foram divulgados.
As medidas foram anunciadas após o fechamento dos mercados e têm como objetivo ajudar a estabilizar a economia argentina, que enfrenta forte desvalorização do peso e baixos níveis de reservas em dólar. Essa é a primeira intervenção direta dos EUA no câmbio argentino.
O swap cambial é uma operação temporária de troca de moedas entre dois países, utilizada para aumentar as reservas internacionais e reduzir a pressão sobre a moeda local. No acordo, os países trocam divisas por um período determinado e, ao fim do prazo, devolvem os valores com correções de juros ou câmbio.
Apoio de Washington
O anúncio foi feito após uma reunião entre autoridades financeiras dos dois países, realizada em Washington. No mês anterior, o presidente Donald Trump se encontrou com Javier Milei durante a Assembleia Geral da ONU e prometeu apoio econômico à Argentina.
Antes mesmo do encontro, Bessent já havia indicado que a Casa Branca estava disposta a oferecer suporte financeiro, incluindo a linha de swap de US$ 20 bilhões. Em publicação na rede X (antigo Twitter), o secretário reafirmou o compromisso de Washington com Buenos Aires:
“O Tesouro dos EUA está preparado para tomar medidas excepcionais que garantam a estabilidade dos mercados”, escreveu Bessent.
Milei agradeceu publicamente o apoio, também nas redes sociais:
“Juntos, como aliados próximos, construiremos um hemisfério de liberdade econômica e prosperidade”, disse o presidente argentino.
Reação do mercado argentino
A notícia chega em meio à crise financeira que se agravou após a derrota de Milei nas eleições legislativas de Buenos Aires. O resultado gerou desconfiança entre investidores quanto à capacidade do governo de seguir com a agenda de ajuste fiscal e reformas econômicas.
Logo após o pleito, o índice S&P Merval caiu 13,23%, os títulos públicos de longo prazo recuaram quase 8%, e o peso argentino desvalorizou 4,25%, cotado a 1.423 por dólar.
O Banco Central da Argentina passou a intervir com mais frequência no câmbio para conter a alta do dólar. A volatilidade diminuiu apenas após o anúncio do acordo com os Estados Unidos.
Nesta quinta-feira, o dólar recuou 0,06% em relação ao peso, sendo negociado a 1.421,44 pesos por dólar, enquanto o S&P Merval subiu 5,8%. O mercado espera novos reflexos da medida nos próximos dias.
As eleições de meio de mandato, marcadas para 26 de outubro, serão o próximo grande teste político do governo Milei e devem influenciar diretamente o comportamento dos investidores.
Encontro entre Milei e Trump
Durante a Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro, Donald Trump disse que os Estados Unidos estão prontos para ajudar a Argentina a recuperar sua economia.
“Vamos ajudá-los. Não acho que precisem de um resgate”, afirmou o presidente americano, destacando que o Tesouro trabalha para garantir “boas condições financeiras” ao país.
Trump também declarou apoio à reeleição de Javier Milei, dizendo que o argentino “precisa de mais um mandato para completar o trabalho”.
Durante o encontro, Trump presenteou Milei com uma versão impressa de uma postagem feita na Truth Social, em que elogiava o líder argentino por “restaurar a estabilidade econômica” e “recolocar o país em um novo patamar de respeito internacional”.
Apoio do Banco Mundial
Paralelamente, o Banco Mundial confirmou a aceleração de um pacote de apoio de US$ 12 bilhões à Argentina, com até US$ 4 bilhões previstos para os próximos meses.
O plano inclui investimentos públicos e privados e tem como foco impulsionar a mineração, o turismo, o acesso à energia e o crédito para pequenas e médias empresas. O banco afirma que o pacote faz parte da estratégia de crescimento e reformas estruturais defendida pelo governo argentino.