Estados criam fundo para garantir obras de infraestrutura

O primeiro foi instituído há 22 anos no Mato Grosso; agora estados como Goiás, Tocantins, Piauí pautam a criação.

Infraestrutura | Divulgação
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Com a chegada do último mês de 2022, inicia-se a correria para a aprovação de matérias que visam disciplinar o exercício financeiro de 2023, tendo em vista que quaisquer mudanças nesse âmbito necessitam ser autorizadas pelo Legislativo no ano anterior. Nisso, com a queda na arrecadação sinalizada após a implementação da lei federal - disciplinada em cada Estado por legislação própria - que reduziu a alíquota dos combustíveis, serviços de comunicação e energia, cresce o movimento dos entes federativos em torno da apresentação de propostas para a criação de taxas para o setor agro, visando garantir os recursos necessários para a realização de obras de infraestrutura no intuito de melhorar o escoamento da produção.

Na última semana, por exemplo, a Assembleia Legislativa de Tocantins aprovou o ajuste do imposto para os produtos destinados à exportação, passando de 0,2% para 1,2%, a anuência dos parlamentares ocorreu em dois turnos, dando nova redação à Lei 3617/19, que instituiu o Fundo Estadual dos Transportes (FET), no estado.

Fundo para investir em infraestrutura (Divulgação)Desde 2019 a lei está implementada no Estado; a proposta que versou para o ajuste foi apresentada pelo deputado estadual Zé Roberto, que pontuou que a arrecadação com o imposto vai para o FET será aplicada na manutenção e conservação das estradas do Tocantins. O Estado integra a fronteira agrícola do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). O projeto altera trecho da lei 3617/19, impactando operações de saídas interestaduais ou com destino a exportação, bem como nas operações equiparadas a exportação de produtos de origem vegetal, mineral ou animal.

Grande exportador brasileiro, Goiás aprovou a criação do Fundeinfra, que terá a finalidade de captar recursos financeiros para o desenvolvimento econômico do Estado. O novo fundo se concentrará na obtenção e na gestão de recursos oriundos da produção goiana agrícola, pecuária e mineral e, também, das demais fontes de receitas definidas nele, com contribuição de no máximo 1,65%.

Acrescenta-se que ele implementará, no âmbito estadual, políticas e ações administrativas voltadas para infraestrutura agropecuária; modais de transporte; recuperação, manutenção, conservação, pavimentação e implantação de rodovias; sinalização, artes especiais, pontes e bueiros; e edificação e operacionalização de aeródromos.

No ofício enviado à Assembleia, o governador Ronaldo Caiado explicou que a instituição do fundo decorre sobretudo da redução das receitas estaduais, o que tem dificultado a manutenção dos projetos pensados para a área em que a autarquia atua. “Consequentemente, a necessidade de prosseguimento e evolução das políticas públicas para a circulação dos cidadãos, dos bens e dos serviços, inclusive para a produção agrícola, pecuária e mineral, motivam a busca de recursos ora proposta”, ressalta.

Mato Grosso adotou fundo em 2000

No entanto, a experiência mais antiga vem do maior produtor agro do país: Mato Grosso. Há 22 anos, o Estado criou o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), e projeta arrecadar neste ano R$ 3,26 bilhões, quase 20% mais do que em 2021. O Fethab é maior entre os fundos que taxam o agro no país, servindo como modelo para o implementado em Goiás.

Criado na gestão do ex-governador Dante de Oliveira, o fundo passou por adequações ao longo dos anos. A contribuição não é obrigatória, mas é atrelada à obtenção de benefícios fiscais, em Mato Grosso, ao ICMS.

Outros Estados também começam as discussões relativas a taxa para a criação do Fundo, no Paraná, o governador Ratinho Júnior (PSD) chegou a enviar a matéria à Assembleia no mês passado, no entanto, com a pressão do setor, a proposta foi retirada das discussões.

No caso paranaense, a proposta então defendida pelo Governo, versava para a criação do Fundo de Desenvolvimento da Infraestrutura Logística do Estado (FDI-PR); o projeto imporia novas taxas sobre a comercialização de commodities.

No texto, a matéria disciplinava que cada produto teria de contribuir para o fundo. Na soja, por exemplo, seriam 32,66%. Para o milho, o projeto fala em 14,95%. Cabeça de bovino macho (42,18%), cabeça de bovino fêmea (33,84%), trigo (18,5%), mandioca (11,22%), suínos (4,78%), cana-de-açúcar (1,36%), toras de madeira (0,71%) e frango (0,09%) são outros itens mencionados para uma futura taxação. Na ocasião, Ratinho Júnior disse que a criação do fundo era necessária para financiar “o planejamento, estudos, execução, acompanhamento e avaliação de obras e serviços de infraestrutura logística em todo o território paranaense”.

Piauí institui Fundo de Desenvolvimento

No Piauí, a Assembleia Legislativa aprovou nessa semana o projeto encaminhado pelo Governo do Estado que institui o Fundo de Desenvolvimento da Infraestrutura Logística (FDI/PI), vinculado à Secretaria de Fazenda, destinado a financiar o planejamento, estudos, execução, acompanhamento e avaliação de obras e serviços de infraestrutura logística em todo o território piauiense.

O projeto permite a cobrança de até 1,65% do valor de produtos destinados ao exterior ou que tenham o fim específico de exportação. Na ocasião das discussões na Casa Legislativa, o deputado João Mádison (MDB) disse que o agronegócio piauiense gera muitos empregos e acredita que a melhor forma de salvaguardar essa verba seria em fundo próprio, não enviando-a para a conta única do governo do estado, mas que daria esse voto de confiança e que vai fiscalizar.

No texto enviado pela governadora Regina Sousa, se impõe que constituirão receitas do FDI/PI: a contribuição exigida no âmbito do ICMS, como condição para a fruição, nas hipóteses definidas como benefício ou incentivo fiscal; e regime especial que vise o controle das saídas e produtos destinados ao exterior ou com fim específico de exportação; dotações orçamentárias do Tesouro Estadual.

Incluem-se ainda transferências realizadas por instituições governamentais e não-governamentais, nacionais ou estrangeiras, desde que destinados ao desenvolvimento de suas atividades específicas; entre outras.

A contribuição não poderá exceder o percentual de 1,65% sobre o valor da operação com as mercadorias discriminadas em regulamento; ou por unidade de medida adotada na comercialização da mercadoria.

A administração do Fundo será realizada por um Conselho Gestor, a quem competirá a definição da política de investimentos, a sua revisão e avaliação periódicas; a elaboração e aprovação do Plano de Aplicação de recursos para cada exercício; a deliberação sobre a alienação ou exploração comercial de bens móveis ou imóveis integrados ao seu patrimônio, cujos resultados deverão se reverter ao Fundo; a suspensão, ou restrição, temporária ou indefinidamente, parcialmente ou na sua totalidade, da utilização dos recursos do Fundo, com o objetivo de proteger o seu patrimônio; além, claro, da elaboração do Regimento Interno do FDI.

O Conselho Gestor será composto pelos secretários de Fazenda, Governo e Planejamento, contando também com a participação de representantes da sociedade civil.  O presidente será o líder da pasta da Fazenda.

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