A relação entre o sertanejo brasileiro e o agronegócio não é apenas temática: é identitária. Muitos dos maiores artistas do gênero nasceram em regiões onde a pecuária e a agricultura sustentam a economia local. As letras exaltam o cotidiano rural, a lida no campo e a importância do agro para o país.
Nesse contexto, o gado Nelore, símbolo da pecuária nacional, aparece como metáfora de resistência, produtividade e prosperidade, valores que se espelham tanto na música quanto na vida no interior.
Da música caipira ao sertanejo moderno
O ponto de partida dessa história foi a ousadia de Cornélio Pires, que em 1929 apostou na gravação de “Jorginho do Sertão”, com Mariano & Caçula, marco inicial da música caipira comercial. Décadas depois, nomes como Cascatinha e Inhana, Irmãs Galvão, Sulino e Marrueiro e Tião Carreiro moldaram o gênero, mantendo viva a tradição rural.
Nos anos 1970, a dupla Milionário & José Rico modernizou o sertanejo ao mesclar influências mexicanas com a estética caipira, consolidando o estilo que abriria caminho para o boom das duplas nos anos 1980 e 1990.
O sertanejo e a pecuária
Não é de hoje que artistas sertanejos têm vínculos com o campo. Além de cantar a vida no sertão, muitos se tornaram pecuaristas e criadores de Nelore, participando de leilões e investindo em fazendas. Em 2023, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil promoveu uma campanha em que diversos músicos gravaram depoimentos em defesa da atividade.
Dez sertanejos com o pé no campo
Milionário & José Rico (em memória): os “pais do sertanejo moderno” construíram carreira longeva sem perder a ligação com a terra. José Rico cultivava soja em seu sítio no Paraná, enquanto Milionário investiu em fazendas de gado. “O segredo do sucesso é simplicidade e humildade”, dizia José Rico.
Chitãozinho & Xororó: além do sucesso nos palcos, são criadores de Nelore e frequentadores de leilões. Chitãozinho batizou sua fazenda de Galopeira, no interior de Goiás, e já emprestou o nome até para um touro campeão da raça.
Leonardo: dono da fazenda Talismã, em Jussara (GO), com mil hectares, dedica-se à pecuária de corte. “A região do Araguaia é a melhor para criar boi, recria e engorda”, afirmou o cantor.
Zezé Di Camargo & Luciano: a fazenda É o Amor, em Araguapaz (GO), é considerada uma das mais belas propriedades rurais do Brasil. Com 1.500 hectares, abriga Nelores de alta genética, vendidos em leilões que podem render milhões.
Bruno & Marrone: Marrone administra a fazenda Favo de Mel, em Goiás, enquanto Bruno tem se aproximado da raça Tabapuã após visitar a histórica Fazenda Água Milagrosa.
Gusttavo Lima: o “embaixador” possui a fazenda Recanto Feliz (GO) e a Balada (MG), onde cria gado e cavalos. Já recebeu o título de Embaixador do Agronegócio brasileiro.
Henrique & Juliano: naturais do Tocantins, investem no gado Nelore P.O. na fazenda Terra Prometida, com 620 cabeças, incluindo campeões da Expozebu.
Zé Neto & Cristiano: Zé Neto é ativo no setor, com fazenda no Tocantins e Nelores de alta genética. Chegou a vender metade de uma novilha por R$ 135 mil.
César Menotti & Fabiano: Fabiano é criador de Nelore P.O. e participa do evento Rima Weekend, que reúne os maiores nomes da pecuária nacional. Já César mantém uma fazenda em Poços de Caldas (MG), onde cria desde cavalos até minivacas.
Leo Chaves: da dupla Victor & Leo, tornou-se referência como criador de gado Senepol em Uberlândia (MG), com o projeto Senepol Paraíso, que busca atrair novos investidores para o setor.
Cultura, economia e orgulho rural
Seja em letras que exaltam o sertão, seja no investimento em rebanhos e fazendas, os sertanejos são hoje porta-vozes do agronegócio brasileiro. Ao unir música e campo, constroem uma narrativa que valoriza a tradição, fortalece a economia e mantém vivo o orgulho rural. As informações são do site Compre Rural.