Empresas reduzem vagas para iniciantes devido crise econômica

Contratação de jovens no primeiro emprego caiu 11% de janeiro a maio, informa Caged

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As empresas diminuíram as admissões de jovens em busca do primeiro emprego. Entre janeiro e maio deste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, as contratações de profissionais que ingressam no mercado de trabalho somaram 1,23 milhão - o resultado é 11% menor do que o verificado no mesmo período de 2011.

A última redução na quantidade de admissões de primeiro emprego ocorreu em 2009. Naquele ano, o Brasil sentiu os efeitos da crise financeira e teve uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2%.

Em 2012, a desaceleração da economia mundial voltou a influenciar o desempenho econômico do País e o resultado do primeiro emprego. As previsões do mercado para o PIB estão na casa dos 2%. Se confirmado, o crescimento de 2012 será inferior ao de 2011, de 2,7%.

"Em função do próprio momento econômico que se vive, as empresas estão dando preferência às pessoas que estejam preparadas para assumir determinados postos", diz Otto Nogami, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e especialista em mercado de trabalho. "Assim, não investir muito alto (em qualificação)."

Exterior. O impacto da desaceleração econômica no primeiro emprego é evidente na Europa, continente que está no centro da crise econômica atual. A taxa de desemprego entre os gregos com idade de 15 a 24 anos ficou em 53,8% em maio, quando a média do país é de 21,7%. Na Espanha, o desemprego entre os jovens também superou 50%.

Em períodos de desaceleração econômica, as empresas costumam abrir mão dos profissionais pouco experientes para reduzir gastos com treinamento. Nesse cenário, que prejudica os trabalhadores em início de carreira, sofrem mais aqueles com baixa escolaridade.

"A empresa começa a exigir uma maior escolaridade porque é mais fácil treinar alguém com qualificação. Em segundo lugar, a empresa também reduz os custos de seleção e de imprevistos", afirma Amilton José Moretto, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), da Unicamp.

Em São Paulo, as vagas oferecidas pelo programa Jovem Cidadão, mantido pelo governo do Estado, recuaram 50% este ano. Segundo o coordenador do programa, Amaury Fernandes de Jesus, a quantidade de ofertas caiu de 1,4 mil para 700 por mês. "Estou patinando com essa questão há quatro meses", disse. O programa existe há 12 anos e já atendeu cerca de 150 mil jovens de escolas públicas, entre 16 e 21 anos.

"As grandes empresas não reduziram a contratação, porque para elas um estagiário não pesa tanto. Mas as pequenas e médias diminuíram as ofertas", diz o coordenador. "As empresas dizem que querem esperar mais um pouco."

A queda na contratação de jovens tem influenciado o número total de admissões no Brasil. Até maio, o País teve 8,9 milhões admitidos - entre primeiro emprego, reemprego, início de contrato e readaptação. O total é 0,2% maior do que o verificado no mesmo período de 2011.

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