Mais da metade dos empreendimentos brasileiros demandaram menos de R$ 10 mil para serem abertos. A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, a GEM 2010, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) em parceria com o Sebrae, aponta que 58,1% dos empresários investiram até R$ 10 mil para abrir seus negócios. O levantamento considera uma média dos investimentos entre os anos de 2002 e 2010.
De cada 100 empresários, 18 gastaram menos de R$ 2 mil para iniciar a atividade. Apenas em 18,9% dos casos foi necessário um gasto superior a R$ 30 mil. O restante, 23,1%, nasceu com um investimento que variou de R$ 10 mil a R$ 30 mil. ?Os empresários iniciantes ainda têm receio de investir grande parte de seu patrimônio, por isso recorrem ao crédito e a alternativas para empreender?, afirma Eduardo Rigui, diretor executivo do IBQP. ?Por essa razão, é preciso que os investidores chamados ?anjos? apostem nos empresários brasileiros iniciantes, o que é comum em países como os Estados Unidos.?
A pesquisa mostra ainda que, em média, 36% dos valores necessários para abrir a empresa no Brasil são de capital próprio. O valor é baixo em relação a outros países. Nos Estados Unidos, os empresários utilizam 86% de recursos próprios. Na China e na Rússia, 67% e 44% do investimento, respectivamente, têm origem no caixa do próprio empreendedor.
Além do uso do capital próprio, no País os empreendedores recorrem a familiares e pessoas próximas na hora de abrir a empresa. Dos que precisam pedir ajuda, 70,5% procuram alguém da família. Amigos ou vizinhos são a fonte complementar de recursos para outros 22,3%. O restante é financiado por investidores estranhos que têm uma boa ideia (3,8%), por colegas de trabalho (2,9%) ou por outros (0,6%).
Segundo os empresários, um dos pilares para o desenvolvimento e crescimento do negócio é o capital. A pesquisa mostra que eles reclamam da dificuldade de acesso ao crédito e seu custo elevado. Quando se analisa a disponibilidade de recursos para abrir uma empresa ou expandir o negócio, o Brasil se posiciona em 14º entre os 60 países pesquisados. ?Apesar dos bons resultados macroeconômicos, ainda há muito para ser feito. Precisamos simplificar a legislação voltada aos pequenos e microempresários, além de facilitar a aquisição do crédito, já que há muita burocracia para os iniciantes?, diz Luiz Barreto, presidente do Sebrae.
Entre as demandas para avançar nos negócios os empreendedores apontam também a diminuição do grau de exigência dos bancos na concessão de financiamentos e criação de central de aval por parte dos municípios, a estruturação de canais de divulgação voltados à disseminação dos recursos financeiros disponíveis e a simplificação do financiamento público voltado às micro e pequenas empresas. ?Investir em mecanismos empresariais mais simples é uma estratégia que pode impulsionar ainda mais a economia brasileira. Se os municípios, por exemplo, fizessem suas compras nos pequenos comércios de sua região, haveria mais incentivo às MPEs?, afirma Barreto.