A Suzano Papel e Celulose registrou no terceiro trimestre lucro líquido de 213 milhões de reais, revertendo prejuízo de 282 milhões de reais verificado um ano antes, e anunciou o sexto reajuste do ano para os preços da celulose.
A melhora do resultado e o aumento de preços refletem tanto a recuperação das vendas da matéria-prima quanto os distintos efeitos da valorização cambial. Do lado dos preços, a Suzano implementará a partir de novembro reajuste de no mínimo 20 dólares por tonelada, conforme a região.
As altas de preços do insumo começaram em maio, diante dos primeiros sinais de retomada da demanda por celulose no mundo, principalmente na China. "Está havendo uma mudança estrutural em todas as indústrias exportadoras por conta do dólar. E o preço da celulose não está andando no mesmo ritmo da valorização do real", afirmou o presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto, a jornalistas nesta sexta-feira.
A partir de novembro, segundo a Suzano, a tonelada de celulose vendida na Europa passará a 700 dólares, na América do Norte subirá para 730 dólares e na Ásia, inclusive China, avançará para 660 dólares. Isso se compara aos valores de 650 dólares na Europa, 700 dólares na América do Norte, 590 dólares na China e 640 dólares no restante da Ásia que entraram em vigor em outubro, após aumento de 50 dólares para todas as regiões. "Tudo indica que haverá uma mudança estrutural nos preços da celulose diante da desvalorização do dólar.
Estamos atentos ao mercado", afirmou o diretor de Relações com Investidores da Suzano, André Dorf, ao ser questionado sobre a possibilidade de novos reajustes depois novembro. No terceiro trimestre, o preço líquido médio da celulose comercializada pela Suzano foi de 466,2 dólares por tonelada, 16,6 por cento acima do verificado no intervalo imediatamente anterior.
Em moeda nacional, contudo, o preço líquido médio na mesma comparação evoluiu apenas 5 por cento, para 870,6 reais por tonelada, reflexo da variação cambial. Do lado da contábil, a desvalorização do dólar teve impacto positivo na linha financeira, por conta da parcela de cerca de 50 por cento da dívida total que está denominada em moeda estrangeira. Esse movimento levou à melhora nas despesas financeiras líquidas, que passaram de 181,4 milhões de reais no terceiro trimestre do ano passado para 76,8 milhões de reais em igual período de 2009, e teve peso relevante no lucro da Suzano de julho a setembro.
No intervalo, o Ebitda da companhia totalizou 218 milhões de reais, com queda de 6,3 por cento ante o trimestre imediatamente anterior e de 41,8 por cento na comparação com os mesmos três meses de 2008. Conforme Dorf, a geração de caixa foi prejudicada pelos custos com parada programa para manutenção e um incidente na linha 2 da fábrica de Mucuri (BA), que paralisou a produção por dois dias, além do impacto do câmbio no resultado operacional da companhia.
"Estamos com estoques muito baixos, vendendo praticamente tudo o que é produzido", comentou o executivo, acrescentando que Europa e EUA já deram sinais de início de recuperação do consumo de celulose. Até o final do ano, disseram os executivos, a Suzano espera ter concluído a revisão dos valores que serão aportados em duas novas fábricas, no Maranhão e no Piauí, que devem entrar em operação em 2013 e 2014, respectivamente. "Com a desvalorização do dólar, é muito provável que os valores mudem. Até o final do ano devemos ter isso", disse Maciel.
Quando anunciou os projetos, no ano passado, a Suzano estimava em 1,8 bilhão de dólares o investimento em cada unidade industrial, sem considerar os gastos com florestas.