Economia mundial precisa voltar a crescer em 3 anos, diz FMI

Ao fim de reuniões, Fundo alerta que, sem crescimento, esforços de consolidação fiscal não garantem sustentabilidade.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) deu neste sábado (21) a mensagem final das suas reuniões anuais de primavera, alertando que é "fundamental" que o mundo retome seu crescimento normal em dois a três anos.

O presidente do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC), Tharman Shanmugaratnam, disse que sem a volta da atividade econômica, nem as medidas de austeridade nos países desenvolvidos serão capazes de criar desenvolvimento de forma sustentada.

"Houve um grande consenso em nossas discussões sobre a necessidade de fazer o possível para alcançar a consolidação fiscal, particularmente nas economias avançadas, e isto se aplica aos EUA e à Europa", disse Shanmugaratnam durante uma coletiva de imprensa na sede da instituição, em Washington.

Mas, disse, não apenas em termos de ajuste fiscal. "É fundamental retomar o crescimento normal no médio prazo, em outras palavras, em dois ou três anos. Quanto mais cedo, melhor. Se não voltarmos ao nível normal de crescimento, se a economia global não voltar a crescer perto do seu potencial, o crescimento sustentado tampouco será possível."

A mensagem do presidente do IMFC sintetiza as conclusões das discussões que tiveram lugar esta semana no encontro de primavera do FMI e do Banco Mundial.

No comunicado final do encontro, o FMI reforça sua avaliação de que a economia global está se recuperando "gradualmente", mas a situação ainda é frágil. Ao mesmo tempo, o Fundo recomenda que os países evitem "políticas fiscais excessivamente contracionárias".

"Hora de Washington"

A lógica do Fundo é basicamente a de que se a dose de austeridade for muito grande, o remédio pode matar o paciente. Só reformas estruturais podem evitar um recrudescimento da crise.

"Na zona do euro, progresso continuado para garantir a sustentabilidade da dívida, assegurar a estabilidade financeira e realizar reformas estruturais ousadas será crucial para elevar a confiança e a produtividade, facilitando o reequilíbrio dentro da união monetária, promovendo crescimento equilibrado e forte", diz a declaração final.

Questionado se as sociedades dos países avançados têm consciência do grau de mudanças e reformas necessários segundo a fórmula do FMI, Tharman S. disse que os países que sentaram à mesa nesta semana estão decididos a resolver os probelmas de longo prazo.

"Tenho hoje, muito mais do que há três, quatro anos atrás, um sentimento de que entre os países avançados há uma resolução muito grande no sentido de chegar ao coração de problemas como competitividade, parcimônia, reconstrução de balanços domésticos e públicos", disse o presidente do IMFC.

"Para ser franco, é politicamente muito corajoso, porque há grande expectativa que se retorne para o que era antes. É preciso uma coragem política tremenda para começar a mudar o rumo das coisas e pintar uma visão que leve a um futuro melhor."

Durante a coletiva, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que o encontro criou uma "hora de Washington", cujo dinamismo - espera - impulsione avanços nestes temas.

Ela rebateu insinuações, comuns nos corredores do FMI em Washington, de que os US$ 430 bilhões arrecadados junto aos países-membros do Fundo nos últimos dois dias seja, na prática, um "Fundo europeu", utilizado para conter a crise europeia.

"O que foi lembrado claramente é que, primeiro, estes empréstimos bilaterais não formam um pote ou cofre especial com o rótulo de "União Europeia". São para todos os membros do Fundo", disse Lagarde.

"Princípio número dois; eles precisam ser usados sob os termos rígidos, exatos, equalitários, não-discriminatórios e requeridos por todos os nossos programas, incluindo a condicionalidade, acompanhamento e revisão dos empréstimos que foram feitos."

Emergentes

Apesar de o encontro ter centrado suas preocupações nos países europeus, onde poderia estar o epicentro de uma nova crise do euro, a declaração final também faz recomendações para os países em desenvolvimento.

Para estes, a preocupação são os efeitos de uma desaceleração mundial e de uma forte entrada de capital financeiro volátil - com sua saída subsequente se houver mais incertezas.

A declaração final afirma que os emergentes precisam encontrar "o equilíbrio certo entre atenuar os riscos de desaceleração com políticas apropriadas de apoiar o crescimento e controlar pressões inflacionárias" e manter sob observação o rápido crescimento do crédito.

A declaração também fala em buscar maior flexibilidade cambial, por cuja falta a China tem sofrido críticas. Durante a coletiva, Tharman S. disse que é consenso entre todos os países do FMI que "estamos caminhando para isso", no que poderia ser uma alusão às medidas recentes de ampliação da banda de variação cambial chinesa.

"Também concordamos que o fluxo de capital às vezes pode ser um problema", disse.

"O Fundo mudou seu pensamento do que são ferramentas sensatas dos governos dos países emergentes para conter a volatilidade criada pelos fluxos de capital. Houve um reconhecimento que em alguns momentos de grave volatilidade, alguma forma de controle de capitais é sensato."

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