O dólar comercial fechou em queda de 0,7% nesta terça-feira (25), cotado a R$ 2,306 na venda. É o menor valor de fechamento desde 11 de novembro, quando a moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 2,2957. Segundo dados da BM&F, os negócios do dia movimentaram em torno de US$ 1,5 bilhão.
O movimento contrariou a expectativa de que o dólar fosse subir hoje, após a agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) ter cortado a nota de crédito do Brasil na véspera. Isso sinaliza menos confiança para os investidores aplicarem seu dinheiro no país.
Também contrariando o que se esperava, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta pelo sétimo dia seguido, com valorização de 0,39%, a 48.180,14 pontos. A alta foi puxada, principalmente, pelo bom desempenho das ações da Vale e da Petrobras.
Segundo analistas ouvidos pelo "Valor", não houve alta do dólar ou queda da Bolsa porque o corte da nota do Brasil já era esperado.
No linguajar do mercado financeiro, diz-se que "a notícia estava precificada". Isso significa que ela já vinha afetando os preços nos últimos tempos, já que o mercado tende a antecipar as notícias.
"É como um aluno que já sabia que tinha ido mal na prova, mas ainda tinha alguma esperança. O "downgrade" só confirmou o que já se esperava", disse um analista à agência de notícias Reuters.
Dados dos EUA animam, mas dólar não deve ficar abaixo de R$ 2,30
Além disso, o resultado desta terça acompanhou a desvalorização da moeda norte-americana no exterior. A confiança do consumidor norte-americano atingiu, em março, o maior nível em seis anos.
O dado deixou os investidores otimistas, fazendo com que eles investissem em negócios de maior risco, como é o caso de ativos de países emergentes.
De acordo com analistas, no entanto, a moeda norte-americana não deve se sustentar abaixo de R$ 2,30. Parte do mercado acredita que o dólar mais barato pode afetar as exportações brasileiras, o que não agrada o governo.
Também influenciaram o resultado do dólar nesta terça-feira as constantes intervenções do Banco Central.
BC faz rolagem de 10 mil contratos de dólar que vencem em abril
O Banco Central realizou, nesta terça-feira, mais uma etapa da rolagem dos contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em 1º abril.
Foram vendidos 10 mil contratos com vencimento em 2 de março de 2015. O BC também ofertou swaps para 2 de janeiro, mas não vendeu nenhum. A operação movimentou US$ 492,7 milhões.
No total, o BC já rolou o equivalente a US$ 5,909 bilhões, ou pouco menos de 60% do lote total que vence no próximo mês, correspondente a US$ 10,148 bilhões.
A poucos dias do vencimento dos swaps, já circulam no mercado avaliações de que o BC poderia deixar de rolar parte deles. Ainda faltam cerca de 85 mil contratos para serem rolados e o BC tem apenas dias úteis para fazê-lo. E, mantendo o atual ritmo de oferta, de até 10 mil swaps por leilão, seriam rolados apenas 40 mil.
"As condições melhoraram um pouco nos mercados, dá para se sustentar com um pouco menos de intervenção do BC", disse um operador à Reuters.
Atuações diárias do BC brasileiro no mercado de dólar
O Banco Central também manteve seu programa de intervenções diárias no câmbio, com as novas regras anunciadas em dezembro.
Agora, em vez de 10 mil contratos de swap cambial tradicional, são ofertados 4.000 contratos diariamente.
Nesta terça, o BC vendeu todos os contratos ofertados, com vencimento em 1º de dezembro deste ano. O BC também ofertou contratos para 1º de outubro, mas não vendeu nenhum. A operação movimentou o equivalente a US$ 198 milhões.