Dólar fecha em alta e tem a maior valorização mensal em seis meses

Segundo analistas, a tendência de fortalecimento da divisa norte-americana tende a continuar nos próximos meses

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O dólar fechou em alta ante o real nesta sexta-feira (29) e acumulou alta de 4,61% em novembro, o maior ganho mensal em seis meses.

Segundo analistas, a tendência de fortalecimento da divisa norte-americana tende a continuar nos próximos meses, alimentada também pela perspectiva de redução do programa de estímulo nos Estados Unidos, apesar da contínua atuação Banco Central brasileiro no mercado cambial.

A moeda americana fechou em alta de 0,86%, a R$ 2,3374. Veja cotação

No dia, a alta foi influenciada pela piora no cenário fiscal brasileiro após um pregão marcado por poucas negociações devido ao fechamento antecipado dos mercados financeiros nos Estados Unidos. Também foi dia de fechamento da taxa Ptax de novembro, que serve de referência para a liquidação de diversos contratos cambiais, o que tende a fazer com que a cotação seja pressionada.

Na semana, houve alta acumulada de 2,38% e no mês de 4,61%, maior avanço mensal desde maio deste ano, quando subiu 7% e começaram a crescer as expectativas de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, poderia iniciar o corte no seu programa de compra de títulos. No ano, a valorização foi de 14,32%.

Segundo dados da BM&F, o volume financeiro ficou em torno de US$ 1 bilhão neste pregão, bem abaixo da média diária deste mês, de US$ 1,7 bilhão, em função do fechamento antecipado dos mercados norte-americanos pelo feriado do dia de Ação de Graças.

O plano de fundo desta sessão foi a divulgação de que o setor público consolidado registrou em outubro superávit primário de R$ 6,188 bilhões, abaixo das expectativas. O dado reforçou a preocupação com a situação fiscal do país, que tem levado investidores a exigir mais prêmio de ativos brasileiros.

"O cenário fiscal brasileiro ruim, a incerteza com a política monetária norte-americana... tudo isso aponta para a valorização do dólar no futuro", afirmou à Reuters o operador da B&T Corretora Marcos Trabbold.

A expectativa é que a decisão do Fed, quando tomada, reduza a liquidez global e pressione o dólar. Segundo disse à Reuters o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano, a percepção ampla nas mesas de câmbio é de que o baque venha em fevereiro ou março do ano que vem.

A alta do dólar foi mais contida durante o início desta sessão, com a briga dos investidores pela formação da Ptax --taxa formulada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais. "Alguns investidores locais aproveitaram a ausência de liquidez para puxar a cotação ainda mais para cima", afirmou Serrano.

Ação do BC

Analistas afirmaram à agência ainda que os movimentos do dólar devem ser influenciados no próximo mês por novos sinais sobre as intervenções diárias do BC brasileiro no câmbio. Parte dos operadores acredita que elas serão estendidas para o início do ano.

"O BC está vendendo todo o lote nas intervenções diárias, então é sinal de que continua havendo demanda forte. Eu acho que isso aponta na direção da extensão do programa no ano que vem", afirmou Trabbold, da B&T, que também espera que o BC continue rolando todos os contratos de swap cambial que vencerem.

Quando anunciou o programa em agosto, com potencial equivalente a US$ 60 bilhões com leilões de swap cambial tradicional e de linha, a autoridade monetária informou que ele duraria até o fim do ano, mas deixou aberta a possibilidade de que a ação pudesse se estender por mais tempo.

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, já afirmou que o programa de intervenções diárias não tem data para acabar. Nesta sexta-feira, o BC ainda realizou mais um leilão de linha previsto em seu cronograma de atuações diárias. A venda da oferta de até US$ 1 bilhão teve taxa de recompra de R$ 2,358458 em 4 de fevereiro do ano que vem.

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