O dólar fechou no maior nível em cerca de dois meses nesta segunda-feira, voltando ao patamar de R$ 1,80 após o governo voltar a agir no mercado de câmbio para conter fluxos especulativos e uma consequente valorização excessiva do real. A moeda americana subiu 1,12%, a R$ 1,8050 na venda, maior nível desde 9 de janeiro, quando fechou a R$ 1,8347. Foi a primeira vez que a cotação fechou acima de R$ 1,80 desde 11 de janeiro.
No mês, o dólar acumula apreciação de 4,94%, maior valorização mensal entre as 36 divisas mais negociadas nos mercados globais de câmbio, de acordo com dados da Thomson Reuters.
Na máxima do dia, o dólar chegou a subir a R$ 1,8336, com valorização de 2,72%, mas diminuiu o movimento ao longo da tarde. Segundo o operador de câmbio de uma corretora paulista, o movimento refletiu a entrada de exportadores, aproveitando a alta na cotação para internalizarem recursos a preços melhores.
O governo publicou decreto que aumentou para cinco anos o prazo de incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% sobre empréstimos externos. O prazo foi ampliado onze dias depois de o governo aumentar para três anos o período médio de contratação de linha de financiamento. Em nota, o Ministrio da Fazenda afirmou que a medida reforça a decisão do governo federal de reduzir o fluxo de capital especulativo e classificou a medida como "prudencial".
O governo tem endurecido o tom contra a chamada "guerra cambial". Apenas em primeiro de março foram duas medidas sobre o mercado de câmbio, cerca de um mês após o BC ter retomado operações de compra de dólares nos mercados à vista e a termo, bem como leilões de swap cambial reverso, que equivalem a uma aquisição de moeda no mercado futuro. A autoridade monetária não atua no mercado diretamente, no entanto, desde o dia 5 de março.
"Claramente o governo tem apertado o cerco, e isso tem criado um clima de insegurança. Ninguém quer arriscar ficar vendido (em dólar) desse jeito", afirmou o consultor financeiro da Previbank Jorge Lima.
O dólar no Brasil descolou do exterior, onde a moeda recuava cerca de 0,3% frente a uma cesta de divisas. O mercado manteve as expectativas na véspera da decisão de política do Federal Reserve (FED, banco central americano). As atenções na terça-feira estarão voltadas para o comunicado, que pode esfriar perspectivas de uma nova rodada de estímulos pelo FED, o que tende a dar força à moeda americana.