O dólar caiu frente ao real nesta quarta-feira e renovou a mínima em pouco mais de um ano, por conta de ingressos de recursos no mercado local e perspectivas de mais entradas no curto prazo. No fechamento, a moeda americana caiu 0,67%, a R$ 1,787 na venda, menor patamar desde 12 de setembro do ano passado. Na mínima da sessão, a divisa chegou a ceder para R$ 1,783.
"Teve bastante entrada de dólares. A expectativa de mais ingressos com as captações e ofertas de ações previstas e o comunicado do Fed no meio da tarde também ajudaram", afirmou o economista-chefe da Corretora Souza Barros, Clodoir Vieira. Prova dos ingressos é que o déficit no fluxo cambial brasileiro caiu para US$ 978 milhões nos 18 primeiros dias de setembro, ante US$ 1,768 bilhão entre os dias 1º e 11 deste mês, segundo dados do Banco Central (BC).
O BC também informou a compra em setembro de US$ 2,274 bilhões em operações liquidadas até dia 18. A manutenção das entradas de recursos é apontada como um dos fatores que têm ajudado na apreciação do real frente ao dólar. Mas, a despeito dos ingressos no mercado local, o diretor-executivo e economista da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Moura Nehme, não vê sustentação do câmbio abaixo de R$ 1,80, especialmente por conta da influência de bancos no mercado futuro.
"Entendemos que o preço do dólar no mercado de câmbio brasileiro está dado entre R$ 1,80 até um pico de R$ 1,90, pouco provável de ser atingido", considerou em relatório. Na véspera, segundo dados da BM&F Bovespa, as instituições bancárias carregavam US$ 718 milhões em posições compradas no mercado de dólar futuro e cupom cambial (DDI), o que, na prática, são apostas na alta da moeda dos EUA.
Por outro lado, os investidores estrangeiros sustentavam US$ 189 milhões em exposição vendida. O tom positivo do comunicado do Federal Reserve (FED, o banco central americano) ajudou a ampliar a queda do dólar num primeiro momento. O FED manteve o juro básico perto de zero e avaliou que a economia dos Estados Unidos já está em recuperação.