O Conecta Imobi 2025, maior encontro do setor imobiliário da América Latina promovido pelo Grupo OLX, trouxe na última quinta-feira (4) um debate sobre a evolução da locação residencial no país. O painel “Panorama da Locação 2026” destacou que o número de contratos de aluguel subiu de 18% para 23% do total de moradias em oito anos.
A mesa foi conduzida por Rafael Nader, vice-presidente de imóveis do Grupo OLX, e contou com a participação de Gabriela Domingos (DataZap), Alfredo Freitas (presidente da ABMI e sócio da Nova Freitas) e Ricardo Paixão (Secovi, Iconatus e Idacton).
Intenção de compra permanece, mas é adiada
Gabriela Domingos apresentou dados que explicam por que o aluguel ganhou espaço. Segundo ela, não há desistência da compra do imóvel, e sim adiamento motivado pelas condições de crédito. A executiva citou pesquisa da Fipe, que aponta: “33% dos consumidores mantêm a intenção de compra nos próximos três meses, percentual que se eleva para 49% em um horizonte de 24 meses”.
Ela também destacou mudanças no perfil do locatário. A faixa etária média aumentou e, com isso, a proximidade com o trabalho perdeu peso como prioridade, enquanto segurança passou a ser um fator determinante. Outro ponto: 56% dos inquilinos são da classe B, a mais afetada pelo encarecimento do financiamento.
Rentabilidade do aluguel surpreende
Para Ricardo Paixão, o aluguel deixou de ser coadjuvante no setor. “Não é mito que a locação vai muito bem. Tem que surfar essa onda”, afirmou.
O dirigente lembrou que, tradicionalmente, o retorno mensal do aluguel em relação ao preço de venda do imóvel oscilava entre 0,3% e 0,35%. Hoje, esse rendimento chega a 0,6% ou até 0,7% em alguns mercados. Além disso, dados da Fipe mostram alta de 6% no valor dos aluguéis no primeiro semestre.
Estrutura é essencial para aproveitar a oportunidade
Alfredo Freitas reforçou que o aluguel representa uma boa frente de negócios para imobiliárias, desde que haja organização e processos claros. “Para o corretor autônomo, locação é uma tarefa inglória. É muito difícil para ele prestar sozinho os serviços jurídicos e de gestão que são necessários”, avaliou.
Paixão complementou com o conceito do “tripé da locação” — Tecnologia, Processos e Pessoas — que, segundo ele, deve orientar os investimentos do setor para melhorar a experiência do cliente e aumentar a eficiência das equipes.
Vantagem competitiva na diversificação
O painel também ressaltou que unir operações de venda e locação pode ser estratégico. “Quem entende bem a locação por temporada, por exemplo, terá mais chances de fazer bons negócios com certos investidores”, disse Freitas.