A crise na zona do euro está afetando o Brasil e as exportações podem ser prejudicadas, disse nesta quinta-feira (27) o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em uma conferência de investidores em Londres (Reino Unido).
- As exportações podem cair um pouco para a Europa e outros países que exportam para a Europa (...) A crise da zona do euro está definitivamente tendo um impacto.
Segundo ele, no entanto, o Brasil está mais preparado desta vez para uma crise comparada à de 2008.
- Mesmo se ficar tão ruim quanto em 2008, o Banco Central tem todos os instrumentos prontos.
No mês passado as exportações para a UE (União Europeia) tiveram recuo de 3,6% na comparação com março, ficando em R$ 28,2 bilhões (US$ 15,1 bilhões), enquanto as importações caíram 7,85%, para R$ 25,8 bilhões (US$ 13,8 bilhões).
Questionado sobre a possibilidade de um imposto bancário global, Meirelles disse achar que é algo "complexo para implementar globalmente", mas que cada país pode considerar essa possibilidade.
Inflação
O presidente do BC também disse que a autoridade monetária brasileira está comprometida com a atual meta de inflação e que está tomando todas as "medidas necessárias" para controlar os preços.
Em abril o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,57%, acima do 0,52% registrado em março. O índice é usado como referência pelo Banco Central para o cumprimento das metas do governo, de 4,5% no ano, com variação de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC realizada no último dia 28, a inflação poderia ficar acima do centro da meta.
O indicador acumulou, só nos primeiros três meses deste ano, inflação de 2,65% - bem acima do 1,23% de igual período de 2009. Em todo o ano passado, o IPCA ficou em 4,31%, abaixo do centro da meta do governo - que também era de 4,5%.
O risco de uma eventual disparada de preços no país neste ano fez com que o Banco Central agisse de forma ?incisiva? e elevasse a taxa básica de juros (a Selic) para 9,5%, uma elevação de 0,75 p.p. (ponto percentual) - a primeira em um ano e sete meses.