Cresce o número de pequeno importador

Maior participação ocorre na faixa de importações de até US$ 100 mil

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Mesmo com a retração do mercado doméstico e a queda forte nas importações, o número de empresas que compraram produtos no exterior no primeiro semestre de 2009 foi maior que no mesmo período de 2008, quando havia forte expansão econômica.

Os importadores aumentaram de 25.980, de janeiro a junho do ano passado, para 26.296, no mesmo período de 2009, enquanto o valor das mercadorias compradas no mercado externo caiu de US$ 79,34 bilhões para US$ 55,97 bilhões.

Os dados surpreenderam o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, que fez o levantamento. "É curioso os importadores estarem crescendo mais que os exportadores", afirmou ao Estado o secretário adjunto de Comércio Exterior, Fabio Martins Faria. Ele disse que os dados surpreendem porque o mercado doméstico se contraiu este ano.

Faria acredita que o movimento pode revelar uma tendência das empresas de buscar fornecedores internacionais para reduzir custo e ganhar competitividade. "Este é um fenômeno que vai merecer estudo mais aprofundado ao longo do ano." A maior adesão de empresas ocorreu na faixa de importações até US$ 100 mil. "Há mais firmas importando pequenos valores." Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o movimento "é inexplicável". "Era para ter caído. Os números vão contra o fluxo natural das empresas importadoras." Ele lembrou que nos anos anteriores a entrada e saída de empresas nas operações de importações acompanharam o movimento do câmbio. Para Castro, a valorização do real ocorrida a partir de maio ainda não teve impacto nas compras internacionais, o que deve ocorrer somente a partir de agosto. "Não tem explicação.

Não foi o câmbio. Até março, o câmbio desestimulava as importações", afirmou. RECUO O levantamento do ministério mostra ainda que o número de empresas exportadoras diminuiu de 16.761, nos primeiros seis meses de 2008, para 16.041 no primeiro semestre deste ano. Para o governo, o fato é explicado pela retração no mercado mundial. "É uma variação normal. Desde 2005, vem caindo o número de empresas exportadoras", avaliou Faria.

O secretário adjunto do ministério, no entanto, avalia que os motivos das empresas para deixar o mercado este ano são diferentes do ano passado. Em 2008, a explicação foi valorização do real que diminuiu a rentabilidade das empresas exportadoras. Em 2009, a explicação é a retração da demanda no mercado mundial, provocada pela crise financeira. Além disso, este ano a queda no número de empresas vem acompanhada da redução das vendas, ao contrário dos anos anteriores, quando as exportações cresciam.

Um estudo do ministério detalhando os dados de 2008, que será divulgado até o fim do mês, mostra que as micro e pequenas empresas perderam espaço na pauta exportadora enquanto as grandes aumentaram sua participação. Faria acredita que a concentração nas grandes empresas ocorreu por causa da elevação dos preços das commodities no ano passado, que compensou a perda de rentabilidade provocada pelo câmbio. As pequenas abandonaram o mercado por causa do dólar baixo.

O Ministério da Indústria e Comércio define a participação por porte de empresa pelo valor exportado. Segundo os dados, as médias e grandes empresas respondiam por 97,9% do valor exportado em 2007. As micro e pequenas empresas, por 1,8%. Em 2008, a participação das empresas de maior porte subiu para 98,7% enquanto as vendas das micro e pequenas empresas caíram para 1,1% do total. Pessoas físicas responderam por 0,2% das vendas ao mercado externo nos dois últimos anos.

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