Consumidores: Três em cada dez roupas do brasileiro são de praia

Surfwear responde por 30% do mercado de vestuário. Classe média é quem mais compra

Surfistas do asfalto são os que mais consomem o estilo. Saiba o que é legal usar e o que não é | R7
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Bermuda florida, camiseta colorida, óculos escuros e saia de tecido impermeável. Só faltou o sol para completar o visual surfista que veste 30 milhões de consumidores no país. E como calor é o que não falta no Brasil, praticamente 3 em cada 10 peças de vestuário vendidas por aqui entram na categoria de moda praia, ou o chamado surfwear.

No ano passado, o setor movimentou R$ 1,5 bilhão em vendas, segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), o que coloca o brasileiro entre os povos que mais consomem esse tipo de roupa no mundo. A associação diz que, em 2010, foram produzidas 300 milhões peças (incluindo biquínis, sungas e maiôs) e importadas outras 300 mil.

O empresário Romeu Andreatta é um dos que ajudam a dar uma ideia do que esse segmento representa para o setor de vestuário do país. Surfista desde os dez anos (hoje ele tem 52), ele já foi até editor de revista especializada e agora organiza o FestivAlma Surf, considerado a principal vitrine da cultura surfe ? tanto para adeptos ou curiosos quanto para as empresas, que podem encontrar as principais novidades do ramo.

- Eu vejo que esse segmento é muito plural, com consumidor em todas as classes e faixas etárias. O Brasil tem mais de 8.000 km de praias no seu litoral. Consumimos tantas roupas assim que somos o terceiro mercado mundial desse segmento. Só perdemos para a América do Norte, que é o primeiro [porque reúne Estados Unidos, México e Canadá], e para a Europa como um todo.

É fácil encontrar um consumidor na rua com pelo menos uma peça de vestuário do estilo praia, mesmo em dia de garoa em São Paulo. Moletom da Osklen, bermuda da Mormaii, óculos da HB, boné da Billabong, tênis da Redley, e outras combinações das dezenas de marcas que atuam no mercado são mais do que comuns entre os jovens das grandes cidades ? tenha ela praia ou não.

- O paulista tem encantamento com o mar, e isso explica essa voracidade de estilo de vida de estar na praia. Hoje, nem é preciso mais ser feriado nem data especial para as estradas ficarem engarrafadas. São Paulo rivaliza até com o Rio de Janeiro e com Los Angeles o posto de ?cidade do surfe? mundial. E a cidade não tem praia.

Pesquisa encomendada pelo empresário para a realização do FestivAlma Surf mostrou que as seis principais empresas do segmento faturaram, sozinhas, mais de R$ 2 bilhões por aqui. A expectativa de crescimento para este ano é de 10%. Isso faria com que mais do que 3 em cada 10 roupas vendidas no Brasil (ou mais de 30% do total) fossem desse estilo.

Praia é no shopping

Na cidade de São Paulo, um dos locais frequentados pelo público que consome surfwear fica no meio de um mar de concreto. O shopping Metrô Tatuapé, ao lado da Radial Leste e com saída direta para a estação de metrô de mesmo nome, tem a maior variedade desse estilo entre suas lojas.

Das 300 lojas, 78 (ou 26%) são de moda em geral, vendendo roupas ou sapatos. Entre elas, seis (8% do total) são especificamente para o segmento surfe, como explica a gerente de marketing Flávia Tegão.

- [O segmento] é bem representativo. Temos uma parcela grande dessas lojas em comparação com outros shoppings. Mas esse ramo tem uma característica que ele não está restrito ao surfe, mas tem um mix com streetwear [voltado para as modas de culturas de skate, patins e outros esportes do gênero].

Fábio Gliosci, proprietário da rede Central Surf, afirma que a procura por roupas de estilo praia são bastante grandes, mesmo no frio, ?quando as vendas caem um pouco, mas se mantêm?. E isso não depende do preço: o valor médio que um jovem gasta na loja é de R$ 226. Para ele, o desejo desse estilo é o que explica as vendas.

- Considero esse valor alto. Mas não dá para negar que é uma moda de grande interesse. É um desejo de consumo. E quem move isso nem são os praticantes, mas os simpatizantes do esporte. Sem contar na questão de identificação de grupo: nossos funcionários têm perfil de primeiro emprego. Praticamente damos a roupa, eles têm desconto para vestir a camisa literalmente.

Essa estratégia é o que atrai os simpatizantes. Andreatta diz que, dos 30 milhões de consumidores de surfwear do país, só 3 milhões (ou 10%) de fato pegam onda com suas pranchas. Para ele, ainda há muito espaço para crescer.

- Toda a cadeia de vestuário de surfwear moveu cerca de R$ 9 bilhões no ano passado. Isso dá 7% do PIB [Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas no país]. Colocando os setores de produção de equipamentos e acessórios [pranchas, óculos, nadadeiras e outros], temos 13%.

E ele dá a dica: ?Para quem vai começar, hoje qualquer praia tem escolinhas de surfe tocadas por surfistas que resolveram se manter na área. Em um final de semana de aula, dá para aprender truques que antes demoravam cinco anos para ser dominados. Uma prancha boa para iniciante [o longboard, mais comprido e estável na água] sai de R$ 800 a R$ 1.600. O resto é se permitir a experiência que é deslizar na água.?

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