Construtoras pedem mais gasto público com obras para garantir crescimento em 2009

Caixa contabiliza 45 mil contratos, referentes a 65 programas de 17 órgãos diferentes

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O governo terá que gastar mais e destravar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em 2009 para garantir o crescimento da construção civil. Depois do baque pela falta de crédito e da expectativa de retração na economia, o setor está dependente de obras públicas para manter um crescimento "razoável" no ano que vem, segundo Paulo Safady Simão, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Neste ano, o setor espera crescer 8,5%. Para 2009, não há estimativa. "Não quero me comprometer com um número porque o cenário não é claro. A FGV [Fundação Getulio Vargas] prevê 5%. Acho que pode ser um número razoável, desde que o governo cumpra seu investimento em obra pública", diz Safady.

O segmento imobiliário responde por 40% do setor. Os outros 60% são de obras públicas e privadas. "O setor privado sofreu um baque. Por isso, a esperança está na área pública."

Para isso, ele diz, será preciso "melhorar o gerenciamento do PAC". Segundo o presidente da CBIC, a Caixa contabiliza 45 mil contratos, referentes a 65 programas de 17 órgãos diferentes, que estão empacados. Por conta de problemas burocráticos, diz, empresas estão com até seis meses de atraso no pagamento de recursos de obras que estavam em andamento e ameaçam parar.

Segundo ele, os números são do grupo de trabalho criado pelo governo com representantes do setor e que começou a se reunir no dia 1º de setembro para resolver pendências. No entanto, não foi possível "sair do lugar". "Ontem [quinta-feira] fizemos a última reunião [com a Caixa] sem que nada tenha sido resolvido", disse. São obras principalmente de saneamento, habitação, infra-estrutura social e em favelas.

"Em algumas, a Caixa liberou a licitação e a obra, mas o contratante diz que o procedimento não está correto. Com isso, não há liberação do dinheiro. Em outras, a prefeitura não tem a sua contrapartida. Tem burocracia, má informação", explica Simão.

Questionada, a Caixa não tratou do volume de contratos com problemas -espalhados por vários ministérios. Mas mencionou que tem "2.775 projetos de obras, todos vinculados ao Ministério das Cidades". Admite trabalhar com a CBIC para agilizar processos e diz que segue o rigor da lei ao tratar com recursos públicos.

Um dos setores que mais empregam, a construção civil está entre as áreas prioritárias do governo para estimular o crescimento da economia em 2009.

A previsão do setor é que será um ano difícil. "O que os EUA e a Europa estão sentindo agora vamos começar a sentir lá na frente. Tomamos a primeira pancada, com a falta de crédito, de liquidez. Vamos perceber o impacto disso mais forte a partir do segundo trimestre de 2009", afirma Simão.

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