Neste ano, a atenção do mercado imobiliário está ainda mais voltada para o mercado de baixa renda. Até o final de dezembro, 60% do total de imóveis que deverão ser construídos serão direcionados à famílias com renda de até dez salários mínimos, de acordo com o Secovi-SP (Sindicato da Habitação - São Paulo).
A previsão de unidades erguidas durante 2010 é de 1,2 milhão de moradias, segundo o vice-presidente do sindicato, Flávio Prando. Desse total, cerca de 700 mil são referentes ao programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, que concede condições diferenciadas para o financiamento de imóveis pelo público de baixa renda. "De toda essa quantidade [de imóveis] que está sendo construída em todo o Brasil, a maioria é para as classes C e D", disse Prando.
O Secovi considera baixa renda quem ganha até dez salários mínimos. "O futuro é popular. É lá que está a maioria da demanda", disse o vice-presidente da associação. Conforme dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizada pelo Secovi, em 2005, o país contava com 159 milhões de pessoas nas classes C, D e E.
No ano passado, o total de imóveis construídos também chegou perto de 1,2 mihão de unidades. No entanto, apenas 275 mil foram direcionados ao público de baixa renda - número que corresponde à quantidade de contratos fechados por meio do Minha Casa, Minha Vida, segundo o Secovi. "Na verdade, para este ano o mercado precisava de mais moradias. O ideal seria que 1,5 milhão de imóveis fossem construídos.
E conforme nossas projeções, em 2020, com o aumento da expectativa de vida da população, entre outros fatores, a necessidade será maior ainda. O marcado precisará correr atrás disso", disse. O sindicato prevê que o mercado precisará que 2 milhões de moradias sejam construídas por ano na próxima década.
Perspectivas para o setor
Na avaliação do sindicato da habitação, o mercado imobiliário do país deverá continuar observando sólida demanda por novas habitações, consolidação do mercado comprador (classe C), crescimento permanente do mercado de usados, especialmente nas principais cidade e atenuação do aumento de preços nas principais cidades, a curto prazo, em função de limitações dos níveis de poder aquisitivo.
Por outro lado, há dificuldades crescentes quanto à oferta de mão de obra qualificada e a restrições urbanísticas que algumas cidades, temendo uma expansão imobiliária desenfreada, estão impondo. Crédito De acordo com previsão divulgada pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os financiamentos imobiliários pelo SBPE em todo o país deverão fechar o ano em R$ 57 bilhões. Já com recursos do FGTS, o volume deverá chegar a R$ 19 bilhões.
No ano passado, essa soma foi de R$ 49,6 bilhões. No primeiro semestre deste ano, já foram movimentados R$ 34,7 bilhões, entre SBPE e FGTS. Bolha imobiliária? A possibilidade de a expansão do mercado imobiliário tornar-se se uma bolha, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos, por enquanto é afastada pelo mercado.
"As condições macroeconômicas são sólidas e, mais ainda, os bancos estão sólidos. Não há processo de desregulamentação financeira em curso. Países que passaram por bolha imobiliária tinham regulação prudencial falha", disse o presidente da Abecip. Luiz França. Segundo ele, a classe média ainda está em forte processo de expansão e não há um aumento generalizado de preços sem fundamentos. "Mesmo que os preços subam na mesma proporção que subiram nos EUA antes da bolha explodir (cerca de 11% ao ano), essa evolução poderá ser absorvida pela expansão da renda no Brasil", disse.