Garantia de recuperação. É o que justifica o empenho do governo norte-americano para evitar a quebra da maior fabricante de veículos do país e a segunda maior do mundo, a General Motors. Por isso, a montadora se tornará uma empresa estatal até que retome a lucratividade. ?Isso é uma notícia muito positiva, tanto é que as ações da GM subiram bastante após o anúncio?, afirma o professor de finanças corporativas da Brazilian Business School (BBS), Plínio Chap Chap.
Apesar de já ser esperada, a concordata coloca fim às especulações no setor e gera alívio no mercado. O professor do departamento de economia da ESPM, José Eduardo Amato Balian, afirma que apesar de a sociedade norte-americana pagar pela recuperação da empresa, a ajuda de US$ 30,1 bilhões do governo dos Estados Unidos ? fora os US$ 20 bilhões já liberados ? evita uma reação em cadeia que acarretaria em demissões em massa e o agravamento da crise no país.
?A crise foi muito forte e essa queda não pode deixar a GM quebrar, porque representaria a perda de milhares de empregos. O mesmo acontece com outras grandes empresas em crise, como os bancos. A ação do governo é o que difere esta crise da que aconteceu na década de 1930?, explica Balian.
De acordo com os especialistas, a concordata também representa uma mudança de paradigma nos Estados Unidos, pois as empresas terão de se adaptar a uma estrutura mais enxuta e os sindicatos precisarão ?aliviar? as pressões. ?Quebrar essa cultura será um problema sério para enfrentar. A Ford tenta fazer isso sozinha e a Chrysler usará a cultura dos carros europeus?, diz Chap Chap, ao apostar positivamente na reação dos Estados Unidos.
Jatinhos
O símbolo dos ?gastos desnecessários? por parte das montadoras foi a reunião dos executivos-chefes da GM, Ford e Chrysler no Congresso norte-americano em novembro de 2008. Para pedir ajuda financeira do governo e evitar a falência, eles viajaram a Washington em jatos corporativos. Na época, eles foram apontados pelos congressistas de ?arrogantes?.
?A GM tinha até o ano passado 65 pilotos contratados para operar os jatinhos. É algo sem sentido, quase uma companhia aérea. Ou seja, os custos fixos tinham um nível absurdo. Junta isso com as questões trabalhistas, principalmente na área da saúde, a empresa se torna inviável?, analisa José Eduardo Amato Balian.