Após sua viagem à Cartagena de Índias, na Colômbia, para a 6ª Cúpula das Américas, a chefe da diplomacia americana Hillary Clinton chegou na manhã desta segunda-feira a Brasília. Na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ela falou a um grupo de empresários e representantes dos governos americano e brasileiro.
Hillary ressaltou que a visita de Dilma Rousseff a Washington, há uma semana, foi muito frutífera e demonstrou o potencial da parceria entre EUA e Brasil em não apenas estreitar os negócios entre empresas de ambos os países, mas também para melhorar a vida de seus cidadãos. ?Se nossa economia é dinâmica, baseada na lei e na transparência, é possível investir mais no nosso povo?, disse. Para isso, ela acrescenta ser preciso um governo inclusivo, um setor privado sólido e uma sociedade civil forte e com voz para se expressar. ?E o Brasil está perto dessa prosperidade.? Ela lembra que os investimentos do Brasil nos Estados Unidos já chegam a 15,5 bilhões de dólares, o maior da América Latina. Por sua parte, o governo americano investiu 75 bilhões de dólares no Brasil.
A secretária de estado americana também lembrou de investimentos feitos pelo setor privado americano no Brasil neste ano, como a iniciativa da Microsoft em abrir uma incubadora para novas ideias, a maior da América Latina, no Brasil em janeiro. ?Em um momento de instabilidade econômica, como manter crescimento e prosperidade econômica? Uma resposta possível é a inovação?, afirmou, destacando a importância das empresas privadas nesses investimentos. Ela lembrou, ainda, de uma ideia colocada em prática graças a uma parceria entre a prefeitura do Rio de Janeiro e a IBM, dentro do conceito de ?cidades inteligentes? -- o centro de operações da cidade brasileira é o mais moderno do mundo. ?Com inovação não criamos apenas empregos, mas colaboramos para um futuro mais próspero. Isso é bom para os EUA, o Brasil, a America Latina e para o mundo inteiro.?
Hillary também citou o interesse do governo americano no programa brasileiro Ciência Sem Fronteiras, que concede bolsas de estudo para alunos no exterior, destacado durante a visita de Dilma ao Massachusetts Institute of Technology (MIT) e à Universidade de Harvard, em Cambridge, na área metropolitana de Boston na semana passada. O assunto foi abordado em um fórum empresarial com o chanceler Antonio Patriota.
CNI - Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, comemora a atenção dos EUA na indústria brasileira e a continuidade das parcerias entre empresas de ambos os países desde a vinda de Obama ao Brasil. ?O Brasil recebe de braços abertos o capital produtivo norte-americano, principalmente o que chega para formar alianças estratégicas com o intuito de promover a competitividade, desenvolver tecnologia e adensar cadeias produtivas?, disse, lembrando dos avanços já conquistados, como o fim da cobrança da tarifa específica à entrada do etanol brasileiro no mercado dos EUA, a renovação do Sistema Geral de Preferências dos Estados Unidos até julho de 2013 e a queda da imposição de direitos antidumping ao suco de laranja brasileiro.
Outras áreas de integração em potencial citadas por Andrade por foram: biocombustíveis, energia, defesa, aeroespacial e segurança alimentar, entre outros assuntos. Ele afirmou ainda que as prioridades do governo brasileiro e da CNI são a inovação e promoção de competitividade da indústria, reiterando a necessidade de um trabalho conjunto entre governo e setor privado dos países na implementação de tais ações.
Visita - Nesta tarde, Hillary ainda assistirá a uma reunião do Fórum de Diálogo Bilateral entre os Estados Unidos e o Brasil, um encontro periódico de alto nível que a secretária de estado já manteve em duas ocasiões anteriores. Criado em 2010, o encontro anual busca conferir direcionamento político à coordenação bilateral em diversas áreas, a exemplo de educação, ciência e tecnologia, inclusão social e direitos humanos.
Nesta terça-feira, Hillary participará da cúpula da Sociedade de Governo Aberto (OGP, na sigla em inglês), quando fará um discurso em companhia da presidente Dilma. A OGP é uma iniciativa multilateral que o Brasil e os Estados Unidos lançaram em setembro para combater a corrupção e favorecer a transparência nos governos, e que conta atualmente com 52 países-membros. Depois, Hillary parte para Bruxelas, onde fará uma preparação para a próxima cúpula da Otan.
Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil. Em 2011, o fluxo de comércio entre os dois países atingiu 60 bilhões de dólares, o que representa aumento de 37% em relação ao registrado em 2007. O Brasil é a sexta maior fonte de visitantes para os Estados Unidos. Os Estados Unidos são a segunda maior origem de visitantes para o Brasil.