O aumento do salário mínimo para R$ 545 vai ajudar a manter o consumo das famílias aquecido em 2011. A estimativa da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) é a de que o reajuste no rendimento básico do país coloque mais de R$ 14 bilhões na economia (ou algo em torno de R$ 1,1 bilhão por mês no bolso dos consumidores, incluindo o 13º salário).
Na avaliação de Fabio Pina, assessor econômico da instituição, a maior fatia desse aumento aparecerá na forma de consumo ? com grande retorno para o comércio. Ele explica que quem vai sentir mais o aumento é quem ganha menos.
- Com a renda aumentando, as pessoas consomem mais. Quando falamos só de mínimo, falamos principalmente dos servidores públicos e da baixa renda. Quem ganha pouco não vai fazer poupança com isso. Então serão R$ 35 que vão para consumo.
Ele explica que a Fecomercio fez as contas comparando com os valores do salário no ano passado, de R$ 510. Desde 1º de janeiro deste ano, o mínimo passou para R$ 545. Nesta quarta-feira (16), a Câmara dos Deputados aprovou o novo piso, de R$ 545, e o novo valor ainda precisa ser aprovado no Senado.
Abram Szajman, presidente da Fecomercio, diz que a iniciativa privada já adota pisos superiores aos R$ 545 para seus trabalhadores.
- Isto é significativo na elevação da capacidade de consumo das famílias de baixa renda. O aquecimento da economia interna é um fator que precisa ser considerado. A elevação do poder de compra, portanto, é positiva, já que não compromete o crescimento sustentável ou o controle da inflação no longo prazo.
Pina explica que só o salário mínimo não tem grande efeito na inflação. Ele aumenta, sim, a renda do trabalhador, que passa a consumir mais, faz aumentar a procura pelos produtos e reflete no aumento de preços.
- Mas não é o salário mínimo que gera essa pressão. Há um aumento geral de renda no Brasil e há mais crédito disponível [o que também eleva o consumo]. A inflação não aumenta só por causa do mínimo. Veja que os preços subiram no fim do ano passado, enquanto o mínimo ainda estava em R$ 510. A inflação, hoje, tem mais a ver com fatores como o custo dos alimentos no mundo, que estão batendo recorde de preços.
Segundo Pina, passar o salário-base do país de R$ 510 para R$ 545 repõe o poder de compra do trabalhador em cerca de 1%. É como se o preço da carne e do feijão, por exemplo, que subiu por causa da inflação, fosse compensado pelo reajuste do mínimo.
- Para 2012 temos uma armadilha grande. Porque vamos crescer bastante [na economia] e o mínimo vai ter uma injeção de 7% a 8% a mais no poder de compra. Aí sim estaremos falando de um desequilíbrio no consumo e em inflação forte.