Nas vitrines das lojas, lá está ela, pronta para conquistar os clientes. É a frase "desconto para pagamentos à vista". Como muitos consumidores guardam o dinheiro do 13 salário para comprar os presentes de Natal, o comércio aposta nas vendas à vista. E, para convencer, oferece descontos que, normalmente, são de 5% ou 10%.
Para o professor de Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Daniel Plá, esta é uma maneira encontrada pelos comerciantes de fugir da taxa de administração cobrada pelas operadoras de cartão de crédito e fazer o dinheiro circular com mais rapidez. E quem ganha é o cliente.
? É lógico que vale a pena para o consumidor pagar suas compras à vista e conseguir um desconto. Só tem que tomar cuidado para não se empolgar e, depois, faltar dinheiro para as despesas de início de ano ? alerta Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec.
Há lojistas que estipulam um valor mínimo da compra para conceder o desconto. Em algumas lojas o cliente tem abatimento de 5% sobre o total das compras acima de R$ 150 ou de até 10%, nas que passarem de R$ 200. No entanto, a maioria dá descontos independentemente da quantia desembolsada pelo freguês.
Diferenciação de preços é cercada por polêmica
A diferenciação de preços de acordo com a forma de pagamento é cercada por polêmica. E não é de hoje. Há quem defenda que a prática é ilegal. A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) defende que cartão é igual a dinheiro e, por isso, a organização se empenha em "mostrar ao consumidor que não deve aceitar se o lojista tentar cobrar preço diferenciado quando for usado este meio de pagamento".
Por outro lado, o Banco Central (BC) já dá indícios de que a prática poderá ser formalizada. Em julho, o órgão deu parecer favorável aos valores diferentes. Na mesma linha, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acredita que a livre diferenciação de preços pode favorecer a concorrência no mercado de cartões, além de garantir ao consumidor maior poder de barganha na hora da compra.
? O governo já está sinalizando que está na hora de acabar com isso. Se o consumidor passar a ter o desconto no pagamento à vista, vai existir pressão do mercado para que as taxas absurdas dos cartões de crédito caiam ? afirma Daniel Plá.