O comércio brasileiro despencou 16,8% em abril em relação a março, maior queda mensal em 20 anos, informou a PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), divulgada nesta terça-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Comércio - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco
Todos os ramos de atividade pesquisados pelo IBGE sofreram quedas, até os setores considerados essenciais durante a pandemia, como Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-11,8%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-17%).
Essa foi a terceira vez em toda a série histórica que todas as oito atividades pesquisadas pelo IBGE sofreram queda. A maior foi em Tecidos, vestuário e calçados (-60,6%), seguido de Livros, jornais, revistas e papelaria (-43,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-29,5%).
Outros ramos que caíram foram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-29,5%), Móveis e eletrodomésticos (-20,1%) e Combustíveis e lubrificantes (-15,1%). Na comparação com o mesmo período do ano passado, o varejo caiu 16,8%, com recuo em sete das oito atividades pesquisadas. Só Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,7%) mostraram aumento, ainda em menor intensidade que no mês de março (11,0%). Já o volume de vendas do comércio varejista ampliado, que integra também as atividades de Veículos, motos, partes e peças (-36,2%) e Material de construção (-1,9%), caiu 17,5% em abril na comparação com março, a maior queda da série histórica, que começou em fevereiro de 2003.
Esse é o terceiro indicador dos efeitos do distanciamento social sobre a economia brasileira. O IBGE já havia divulgado que a indústria teve queda de 18,8% na comparação com março, a pior da série histórica. E o mercado de trabalho sofreu um recorde de 4,9 milhões de postos de trabalho perdidos no trimestre encerrado em abril. Desse total, o comércio foi o setor que mais sentiu a queda na população ocupada, com 1,2 milhão de empregos a menos.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou pandemia no dia 11 de março. Nas semanas seguintes, estados e municípios começaram a decretar restrições à circulação de pessoas, o que afetou a economia brasileira. A primeira morte conhecida de Covid-19 no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de conter o avanço da doença. Em abril, os efeitos econômicos passaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês.
Na semana passada, o Banco Mundial projetou que a economia brasileira deve encolher 8% em 2020, um dos piores resultados globais. Segundo a instituição, a contração está ligada às medidas de contenção da propagação do vírus, investimentos em queda e redução nos preços de commodities. Em janeiro, a projeção era de crescimento de 2% para o Brasil.