A maioria dos comerciantes brasileiros ainda não se preparou para receber a Copa das Confederações. A competição esportiva é uma espécie de teste para a Copa do Mundo de futebol e começa oficialmente em 15 de junho.
Uma pesquisa divulgada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Câmara Nacional dos Dirigentes Lojistas) diz que 59% dos lojistas não fizeram nada para aumentar as vendas durante o evento. Apenas 41% se mobilizaram de alguma forma.
Entre os que não investiram em ações para o torneio, 27% não disseram que não veem retorno financeiro no negócio. Outros 14% afirmaram não ter capital. A pesquisa foi feita com 1.276 empresários das seis cidades-sedes do torneio.
Em Fortaleza (CE), no entanto, será criada uma loja temporária para comercializar produtos feitos por artesãos de sete Estados durante a Copa das Confederações. A expectativa deles é de que as vendas aumentem em até 50% no período.
Para o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, a falta de experiência com eventos de grande porte prejudica a maioria dos comerciantes. Muitos não têm visão das possibilidades de negócio que podem ser geradas e, por isso, acreditam que não vale a pena investir.
Em relação à falta de capital para aqueles que querem investir, Borges diz que falta aos empresários conhecimento e esclarecimento sobre linhas de créditos para micros e pequenas empresas disponíveis no mercado.
O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) tem linhas de créditos com juros abaixo de 1% ao mês que muitos empresários desconhecem.
"O pequeno empreendedor brasileiro não tem a cultura de contrair crédito para investir em melhorias no seu negócio. A maioria só faz empréstimos para tentar tirar a empresa de situações emergenciais, quando as taxas são mais altas", afirma.
Avisos e cartazes em inglês ajudam turistas
Segundo o gerente financeiro do SPC Brasil, quem não se mobilizou para vender mais na Copa das Confederações ainda tem tempo para fazer algumas mudanças.
Uma dica do especialista é colocar avisos, cartazes e a descrição dos produtos também em inglês. Mesmo que o empresário não conheça o idioma, ele pode pedir a ajuda de alguém para fazer as traduções.
"Quando o empresário investe, aprimora o atendimento e amplia o mix de produtos, ele tem a chance de vender mais durante e após o evento, uma vez que as melhorias realizadas continuarão no negócio", afirma Borges.
Período exige mudanças no atendimento
De acordo com o diretor técnico do Sebrae Ceará, Alci Porto, os setores que terão maior procura durante o torneio serão: turismo, bares, restaurantes, hotéis, pousadas, guias turísticos, artesanato e comércio varejista.
Todas estas áreas estão diretamente ligadas ao aumento do fluxo de turistas nas cidades-sedes. "O artesanato brasileiro tem muita qualidade e é bastante procurado pelos visitantes como lembrança da viagem", afirma.
Segundo Porto, aumentar a oferta de produtos com itens especiais para o evento esportivo e deixar o atendimento mais rápido e personalizado são pequenas alterações que podem fazer com que o empresário venda mais.
"É importante o empreendedor perceber que o período exige mudanças. O produto de hoje pode não estar adequado aos clientes que virão para assistir aos jogos, que são mais exigentes e refinados", declara.