A confiança do comerciante começou o ano em um processo contraditório: melhorou o otimismo com o presente, mas caiu a expectativa com o futuro.
É o que mostra o Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio no Município de São Paulo) para o mês de janeiro.
Segundo a pesquisa, o índice que mede a confiança do empresário em relação às condições atuais melhorou 10,8%, alcançando um patamar de indiferença. Até dezembro, esse índice demonstrava pessimismo do setor (quando está abaixo dos 100 pontos).
Ao mesmo tempo, o índice que mede a expectativa do empresário caiu 4,1% e o que mede a intenção de investimento caiu 2,3%. Na composição com todos os subitens, o Icec permaneceu estável em relação a dezembro (variou 0,2%) e fechou em 119,4 pontos (patamar otimista).
Segundo Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomercio-SP, a confiança do empresário neste ano segue o ritmo de 2013: alguns fatores, como inflação, dólar e juros em alta, minaram as expectativas do comerciante ano passado. Esse cenário se mantém. Para ele, o desempenho do índice ao longo do ano deve permanecer estável, sem melhoras ou pioras expressivas.
Para Dietze, a falta de clareza do governo prejudica a confiança do empresário. "O governo está desde o ano passado falando em controlar a inflação. Mas o IPCA fechou o ano em 5,91%. Isso mostra que a inflação não está controlada", afirma. Para ele, falta ao governo cumprir com as metas anunciadas.
A imprevisibilidade, diz, corrói sobretudo os investimentos. O índice que mede a intenção de investimento caiu com a redução de 3,39% na intenção de contratação de novos funcionários, uma leve queda de 0,28% no nível de investimento, e redução de 2,97% na situação atual dos estoques.
Ao mesmo tempo, todos os itens que compões o índice das condições atuais do empresário ? condições atuais da economia, condições atuais do comércio e condições atuais das empresas comerciais ? apresentaram elevação e todos os itens que compõe o índice de expectativa do empresário do comércio ?expectativa da economia brasileira, expectativa do comércio e expectativa das empresas comerciais ? caíram.
FIM DO CICLO
Para Dietze, o consumo chegou a um limite no Brasil. Nos últimos anos, segundo ele, a demanda cresceu em ritmo superior à oferta, estimulada sobretudo pelo acesso mais fácil ao crédito. Esse processo teve consequências ruins para a economia, como pressões inflacionárias, que acabaram por controlar o próprio crescimento da demanda, reequilibrando os dois lados da balança.