Com saída de Ford e LG, Taubaté-SP acumula demissões e prejuízos

Cidade perdeu duas importantes fábricas e deixará milhares de pessoas desempregadas

Fábrica da LG em Taubaté, em greve desde o dia 26 de março; 400 funcionários integram o setor de produção de celulares da marca Reprodução/TV Vanguarda/Divulgação | Fábrica da LG em Taubaté, em greve desde o dia 26 de março; 400 funcionários integram o setor de produção de celulares da marca Reprodução/TV Vanguarda/Divulgação
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Na semana passada,  o município de Taubaté (SP), com 320 mil habitantes, recebeu a amarga notícia do fechamento global da divisão de smartphones da LG e a transferência para Manaus das linhas de produção de monitores e notebooks da marca. 

Ao todo, 700 empregados diretos da LG na cidade poderão ser demitidos, destes, 400 que atuam na produção de celulares e 300 com monitores e notebooks. A empresa sul-coreana se instalou em Taubaté em 1997. Segundo a LG, a mudança para Manaus deve acontecer até junho, e ainda não há data para desativar o setor de smartphones.

Fábrica da LG em Taubaté, em greve desde o dia 26 de março; 400 funcionários integram o setor de produção de celulares da marca Reprodução/TV Vanguarda/Divulgação

Perdas sucessivas

Outro entrave é que a região perdeu a fábrica da Ford, no mês passado. Após 25 reuniões de negociação entre a montadora e o Sindimetau, os trabalhadores da Ford aprovaram na terça (6) um plano de indenizações apresentado pela companhia. Segundo a entidade, além da rescisão, os funcionários horistas vão receber dois salários adicionais por ano trabalhado. Para os mensalistas, o valor será de um salário adicional. Nos dois casos, a proposta da Ford prevê indenização mínima de R$ 130 mil 

Em Taubaté, a Ford produzia motores e transmissões. A empresa iniciou operação no município em 1967 após comprar o controle da Willys-Overland do Brasil e fabricava inicialmente peças de fundição e componentes de chassis.

No comunicado da companhia sobre o encerramento de todas as atividades fabris no país, a Ford afirmou que a decisão aconteceu em meio à pandemia da Covid-19, a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução de vendas. 

Em reportagem à Folha de SP, O presidente da Acit (Associação Comercial de Taubaté), Ricardo Vilhena, chama de terrível a situação na cidade. Ele diz que a entidade está perdendo associados que fecharam seus negócios ou que buscam reduzir custos.

A Acit estima que cerca de R$ 150 milhões por ano deixarão de ser injetados em Taubaté com a saída apenas da Ford. O cálculo considera um salário médio de R$ 5.000 para funcionários da empresa e de R$ 2.000 para trabalhadores indiretos. Segundo a projeção, 5.000 profissionais diretos e indiretos serão afetados.

Fábrica da Ford fechada em Taubaté (SP) - Foto: Arquivo Ford

“Também temos trabalhado para que o governo de São Paulo conceda o selo MIT [Município de Interesse Turístico] a Taubaté”, afirma. As cidades com o certificado podem receber investimentos para aumentar o fluxo de visitantes e melhorar a atividade turística. 

O dirigente aguarda as negociações com a LG para mapear o impacto no município. Segundo o Sindmetau, que também representa os trabalhadores da multinacional sul-coreana, as conversas neste momento abrangem pontos como indenização, plano médico e qualificação profissional. 

Panorama de fábricas em Taubaté (SP):

Fábrica da Ford- Fundação: 1967 /Número de funcionários: 830 

Fábrica da LG - Fundação: 1997 /Número de funcionários: 1.000. Produtos: smartphones, monitores, notebooks

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