O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, afirmou nesta terça-feira (30), primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, esperar que, com o aumento da meta da economia feita para pagar juros da dívida pública em mais R$ 10 bilhões neste ano, seja possível baixar a taxa básica de juros em "um futuro muito próximo".
"Está posta uma discussão mais ampla sobre a economia em geral. Creio que vai haver mudança, mas tem que ser muito pensada, cautelosa, sob pena de colocar em risco o que começamos até aqui. Estamos torcendo para que, nesta semana, o Copom balize os juros de maneira adequada. O esforço fiscal visa criar condições para, se não agora [na reunião do Copom desta semana], em um futuro muito próximo, comece a reduzir [os juros]. Não vamos estipular prazos. Se é nessa reunião [hoje e amanhã] ou na outra [de outubro], depende do Copom", declarou Pimentel durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
A decisão do Copom, do BC, sobre a taxa básica de juros será anunciada na noite desta quarta-feira (31). Atualmente, a taxa está em 12,50% ao ano. Em termos reais ? ou seja, após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses ? os juros brasileiros somam 6,8% ao ano, os mais altos do mundo. Juros elevados, por sua vez, atraem capitais para o Brasil, pressionando para baixo a cotação do dólar - que torna as vendas externas mais caras e as importações mais baratas.
Até o momento, a previsão dos analistas do mercado financeiro, coletada por meio de pesquisa do Banco Central, é de que os juros serão mantidos em seu atual patamar de 12,50% ao ano na reunião do Copom desta semana. A expectativa da maior parte dos analistas dos bancos é de que a taxa comece a recuar somente no próximo ano. Entretanto, já há economistas prevendo redução dos juros ainda em 2011.
Ao anunciar o aumento do esforço fiscal (superávit primário) nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo estava se antecipando à crise financeira internacional.
"Temos de tomar medidas preventivas para evitar o que aconteceu em 2008, quando houve desaceleração forte em um primeiro momento. O aumento [do superávit primário] se dá para impedir o aumento de gastos correntes e para abrir mais espaço para os investimentos subirem no país. Além disso, também viabiliza, no médio e longo prazo, a redução da taxa de juros. Quando o BC entender que é possível [reduzir a taxa]", disse Mantega na ocasião. O ministro explicou que o governo busca evitar um "mergulho" do crescimento econômico.