Secretária e gerente investem e se tornam empreendedoras

Com investimento em pequenos negócios, eles obtêm alto faturamento.

Terezinha Abrell ganhava R$ 1.200 por mês como secretária. | Reprodução
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Mais da metade dos pequenos empresários brasileiros são da classe C. A melhoria da renda da população nos últimos anos deu uma reviravolta no mercado.

Terezinha Abrell ganhava R$ 1.200 por mês como secretária e Silmara Regodanso era gerente de compras, com salário de R$ 1.500. Amigas, ela tinham um sonho em comum: montar um negócio no segmento de beleza.

?As mulheres precisam ficar belas, e graças a deus os homens também. Frequentando salões eu percebi que não tinha meus horários e isso começou a me despertar?, diz a empresária Terezinha Abrell.

Teresinha e Silmara planejaram o negócio durante cinco anos. Fizeram mais de dez cursos de empreendedorismo, gestão financeira e comercial. Para montar o negócio na cidade de Santo André, na grande São Paulo, elas venderam carro, pediram empréstimo em banco e conseguiram juntar R$ 250 mil, que investiram na clínica de estética. A estratégia foi juntar tudo de beleza num lugar só, num total de 250 m² de área.

São dezenas de procedimentos estéticos: a depilação completa sai por R$ 35 e o corte custa R$ 50. Nos tratamentos para emagrecer e rejuvenescer, o preço sobe bastante. Trinta sessões de acupuntura custam R$ 1700 e cinco sessões para reduzir medidas saem por R$ 1.000.

?É um local em que você consegue encontrar tudo, desde tratamento estético até tratamento de beleza, pedicure, manicure, cabeleireiro, então é um local bem completo?, diz a cliente Carolina Salomão.

As empresárias usaram a experiência como pessoas da classe C para administrar o negócio. Silmara sabe o valor de cada centavo e negocia duro com fornecedores. ?Eu sempre pesquiso muito, e sempre argumento demais para ter um produto de boa qualidade, com um bom preço e que vá atender e deixar minhas clientes felizes?, diz a empresária Silmara Regodanso.

Terezinha controla com rigor os gastos no negócio, evitando desperdício de materiais ou torneiras abertas durante os bate papos com clientes, muito comuns em salão. ?Vim de uma classe social, não sei se era C, mas era uma situação financeira bastante difícil, dinheiro muito contado, e a gente tinha que se organizar com aquele valor para passar o mês comendo, pagando as contas. E foi isso que eu fiz aqui?, diz Teresinha.

Menos de um ano depois de aberta, a clínica fatura R$ 125 mil por mês. ?Hoje eu posso dizer que ganho umas 10, 12 vezes mais do que eu ganhava quando era empregada?, diz Silmara. ?Eu fui da classe C e, com muito trabalho e muito foco, hoje eu posso dizer que eu sou da classe A?, diz Terezinha.

As empresárias têm planos de abrir mais cinco unidades da clínica de estética na Grande São Paulo.

A empresária Fabiana Araújo começou a vida profissional aos 15 anos, como auxiliar de escritório, mas queria ter um negócio próprio. ?Acho que é isso que nos motiva a acordar todo dia, ter uma razão, um sonho. Por que eu vou levantar? Porque eu tenho um sonho para ir buscar. E melhor que sonhar, é realizar?, diz a empresária.

Fabiana teve vários outros empregos. Foi vendedora de cosméticos, computadores, supervisora e gerente de uma franquia de cursos profissionalizante de beleza.

Em 2011, ela perdeu o emprego, mas surgiu a oportunidade de comprar a escola onde havia trabalhado. Ela não tinha nem 10% do valor do negócio, mas foi em frente: deu R$ 10 mil do Fundo de Garantia e parcelou os R$ 165 mil restantes em dois anos.

Sem outra fonte de renda, o único lugar de onde ela podia tirar dinheiro era a própria escola, que ia mal. Estava desorganizada, com pouquíssimos alunos e operava no vermelho.

Fabiana treinou funcionários, melhorou o conteúdo das aulas e o atendimento ao cliente. Como era da classe C, ela conhece na pele as necessidades do público que atende. ?Hoje o pessoal da classe C quer preço, porém quer atendimento diferenciado, então essa foi maior necessidade. A gente brinca que querem ser tratado como rei?, diz.

O que parecia um ?abacaxi? virou um bom negócio. Em um ano, o número de funcionários passou de dois para 25 e o número de alunos aumentou de 77 para 500. O faturamento cresceu cinco vezes e a escola se tornou motivo de orgulho para o franqueador da rede.

?Uma pessoa que era uma funcionária de uma franquia e acumula capital, compra, investe em um negócio e transforma uma unidade que faturava R$ 20 mil para R$ 100 mil em menos de 6 meses realmente é de uma grande competência que nos faz admirar muito a pessoa?, diz o franqueador Paulo Tanoue.

A escola de Fabiana oferece 14 cursos profissionalizantes como cabeleireiro, maquiagem, pedicure e manicure.

?Hoje o espaço está ficando pequeno pela demanda, pelos alunos, a gente tem um crescimento este ano de pelo menos 30%, então estamos buscando outro espaço, mais salas, porque aqui já ficou pequeno?, diz.

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