A região Nordeste concentra o PIB de 13,5% do Produto brasileiro e PIB per capita de R$ 8.167,75, com crescimento de 4,4% contra 3,6% do Brasil entre 2000 a 2010. Estes fatores tornam a região a 3ª economia do Brasil, de acordo com dados de 2009.
Mas onde pode ser visto o progresso?
Especialistas ressaltaram os fatores que são obstáculos ao crescimento, as soluções e o que é esperado para o Nordeste. A região tem hoje 53 milhões de habitantes, o que representa 8% da presença industrial no Brasil, através do consumo em expansão e a mudança de panorama da região após o Bolsa Família, que reduziu a miséria, muito embora seja ínfimo para um avanço à economia.
?Atualmente, 6,5 milhões de pessoas recebem o Bolsa Família no Brasil, o que é bom, pois aumenta a capacidade de consumo dessa população, entretanto o dinheiro vaza para o Sudeste, já que é voltado para a compra de bens duráveis, como eletrodomésticos, que são fabricados naquela região. O Programa, como todos já sabem, é um paliativo e não tem a capacidade de transformação econômica?.
Outro entrave importante tem sido o circulo de negatividade que envolve a infraestrutura da região, com frágeis estruturas de abastecimento, percebido nos ultimos ?apagões? da rede elétrica vistos, além da precariedade das estradas, ausência de boas ferrovias e portos para escoamento de produtos exportados.
No caso específico do Piauí, o presidente da Associação das Indústrias Piauienses, Joaquim Gomes da Costa, indica que os grandes projetos que ficaram parados precisam ser retomados. ?É preciso, além de combater as desigualdades regionais, dissipar as desigualdades intrarregionais. Nós iremos cobrar aos responsáveis a conclusão dos projetos do Porto de Luís Correia e os aeroportos no Estado, além da Transnordestina e o recebimento do gasoduto, que está parado em Fortaleza. Todas essas obras estruturais são necessárias para um crescimento acentuado?.
Não é difícil ouvir o argumento para o descaso com essas importantes obras estruturais, por exemplo, de que a região não possui demanda ou produção que justifique tais obras. O economista Armando Avena reforça que o conceito deve ser desfeito. ?É necessário que se desfaça esse círculo vicioso, onde não há produção devido à falta de vias de escoamento e onde é deixado de investir em estrutura com o temor de que não haverá o que escoar. É preciso que se crie a estrutura e estimule a produção ao mesmo tempo?.
Produtos que necessitam estrutura forte para transporte, como a produção agrícola nos Estados do Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins (Norte), são responsáveis por colocar o Nordeste como uma das mais importantes regiões de produção de grãos, como a soja. Mesmo com esse progresso visível, a média geral da agropecuária vem decrescendo.
Pequenos e micronegócios propulsores
Dados fornecidos pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) mostram que os pequenos negócios têm sido uma verdadeira saída para a evolução econômica e social brasileira. No Nordeste, a taxa de sobrevivência dessas empresas chega a 73%. Entre esses números, destacam-se também os empreendimentos individuais. No Piauí, até agosto de 2013 foram contabilizadas 28.557 microempresas individuais, destas, 5.129 são empreendimentos provenientes de quem recebe Bolsa Família.
Com boa taxa de sobrevivência e concentração de empresas de serviços, o Nordeste é salvo pela necessidade empreendedora, fugindo, sobretudo no interior, da dependência do emprego público. O empreendimento individual com investimentos de quem recebe o Bolsa Família determina uma nova perspectiva da população que deseja ser responsável pela geração de sua própria renda.
Potenciais e otimismo
Os potenciais e motivos de otimismo do Nordeste foram apontados por Jorge Arbache, assessor econômico da Presidência do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), como as soluções para que o Nordeste chegue ao desenvolvimento satisfatório. Segundo ele, o país apresenta motivos para manter o otimismo.
?O aumento de grupos demográficos com pessoas acima de 45 anos, o crescimento da classe média, os investimentos em infraestrutura, o Pré-sal, agroindústria, biodiversidade, biotecnologia, tecnologias verdes e saúde, além dos Programas de Aceleração do Crescimento, Minha Casa, Minha Vida. O crescimento que aponta no interior de alguns Estados, com destaque para as cidades de Petrolina, Rondonópolis, também estimula a esperança?.
?O Nordeste precisa, acima de tudo, preparar-se e aproveitar as novas oportunidades, desenvolver a capacidade de se adaptar às mudanças, ser ousado e sair do convencional. O setor privado precisa ainda trabalhar em coordenação com o setor público?, disse o economista Jorge Arbache.