Com os consumidores cada vez mais cuidadosos com o dinheiro que sai do bolso, toda forma de alcançar o público interessa.
É com essa idéia na cabeça que uma das mais poderosas associações empresariais da Itália está tentando fazer com os sapatos "propaganda viral" (disseminação espontânea de mensagens por internautas).
?Nosso esforço promocional está mais intenso do que nunca?, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Calçados da Itália (Anci), Vito Artioli, no encerramento da Micam, a principal feira de calçados do mundo, em Milão.
Nesse trabalho, os calçados foram parar no Facebook, rede de relacionamento na internet. Um concurso também foi feito entre internautas para criar um vídeo de divulgação do setor.
Com o mercado interno estagnado, esse investimento é uma forma mais rápida ? e barata - de chegar ao exterior e buscar o dinheiro onde ele ainda está disponível.
?Nós nos comprometemos a estender nossa comunicação. Estamos usando muitas novas mídias, nosso site está sendo renovado?, explica o diretor da entidade, Fabio Aromatici.
Segundo a Anci, esse investimento é só mais um passo na aproximação entre a tradição do sapato italiano e a tecnologia.
?Nós temos que nos aproximar mais rapidamente dos requerimentos do mercado, com novas tecnologias, novos materiais. Mas temos que interpretar a inovação como a capitalização da tradição?, defende Artioli.
Por trás dessa estratégia, estão os números da exportação do setor. Entre 2007 e 2008, o número de pares enviados para fora caiu 9,07%. Mercados tradicionais puxaram a queda ? as vendas para a União Européia ficaram 10% menores. A exportação para os Estados Unidos e Canadá despencou 21%.
Na outra ponta, em países onde o dinheiro ainda não secou ? mas onde o ?Made in Italy? ainda não tem um grande espaço consolidado ? as vendas vêm crescendo. No Brasil, a alta foi de 28%, segundo dados da Anci. Na Rússia, 2,47%. No Oriente Médio, de 6,9%.
?Muitos fabricantes estão assustados, a queda (das vendas) nos EUA é muito ruim?, admite Artioli. ?Vamos ter que fazer esforço para recolocarmos esse volume no mercado?.
E se a internet não for suficiente, a Anci vai atrás. Nos próximos meses, a entidade tem dezenas de participações agendadas em eventos em outros países. Na lista, estão São Paulo, Hong Kong, Pequim e Kiev.