O vice-presidente de controle e risco da Caixa Econômica Federal, Marcos Vasconcelos, afirmou nesta quinta-feira (12), em entrevista ao G1, que o banco estatal pretende levantar entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão, ainda neste ano, para usar no crédito imobiliário. O motivo, segundo ele, é que os recursos da poupança e do FGTS que financiam os programas de habitação e concessão de crédito imobiliário no Brasil serão insuficientes no futuro.
De acordo com Vasconcelos, a Caixa vai levantar o dinheiro pela "securitização" de parte da sua carteira de crédito - ou seja, emitirá títulos recebíveis que têm o crédito imobiliário como garantia, e que podem ser vendidos no mercado de capitais. Esse tipo de operação é realizada por empresas que buscam conseguir mais capital para financiar suas atividades sem aumentar seu endividamento.
"A Caixa vai fazer a securitização de uma parte da sua carteira ainda no segundo semestre. Não temos a estimativa fechada sobre o valor, mas é alguma coisa entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. Já fizemos estudo em outros países, no Brasil mesmo, e estamos nos preparando para fazer essa emissão", afirmou Vasconcelos ao G1. É a primeira vez que a Caixa securitiza sua carteira de crédito para obter dinheiro para o financiamento imobiliário, diz ele. "A médio prazo é isso mesmo, vamos ter que caminhar para uma securitização. Nos próximos anos, tanto os recursos do FGTS como os da poupança sustentam esse crescimento (do crédito imobiliário).
Agora se pensar um prazo maior, de três, quatro anos, vai se começar a mudar esse funding via securitização", afirmou. Vasconcelos diz que algumas medidas precisam ser tomadas antes de a securitização ser realizada, como contratar uma agência que faça a avaliação da carteira de crédito que irá gerar os país.
O vice-presidente estima que a carteira de crédito do banco feche o ano com um crescimento entre 45% e 50%. Nesta quinta, a Caixa anunciou lucro líquido de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2010, crescimento de 44,1% em relação ao mesmo período do ano anterior (R$ 1,158 bilhão), puxado principalmente pela expansão do financiamento imobiliário. O executivo destaca a importância da classe C como motor da expansão registrada pelo banco estatal agora e nos próximos anos.
"A chamada nova classe média esse segmento classe C é a principal demandante de credito imobiliário no país. Vai continuar crescendo, tem um potencial muito grande de crescimento". Ele prevê que o volume concedido em crédito imobiliário cresça até 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos. Atualmente, o volume representa 4% da riqueza produzida pelo país, nível considerado baixo pelo vice-presidente da Caixa.
"Estamos num percentual muito baixo em relação ao nosso PIB para falar que estamos em uma situação de bolha (imobiliária). A anomalia era termos 2% de crédito imobiliário em relação ao PIB, isso era anomalia. Agora nos próximos 4 anos chegar a 10% eu não vejo isso como anomalia, eu vejo isso como uma normalidade de mercado", disse.