A Caixa Econômica Federal afirmou nesta quinta-feira (23) que "aprimorou seus controles internos" para evitar novas fraudes. Uma quadrilha desviou R$ 73 milhões em um esquema envolvendo um falso prêmio da Mega-Sena em 2013.
Em nota, o banco disse que "abriu apuração interna e, como qualquer outro banco, diante de fato relevante, aprimorou seus controles internos".
O esquema foi descoberto pela própria Caixa, que o denunciou à PF. Deflagrada no último sábado (18), a operação Éskhara investiga uma quadrilha que usou documentos falsos para abrir uma conta corrente em uma agência da Caixa de Tocantinópolis (TO), onde foram depositados cerca de R$ 73 milhões. O dinheiro foi desviado do banco e depositado como pagamento de um falso prêmio da Mega-Sena. Depois, foi transferido para outras contas em menores quantias em todo Brasil.
A Caixa informou que não vai mais comentar o caso durante as investigações e que acionou a Polícia Federal logo que constatou a fraude. "O banco continua acompanhando o caso e está à disposição da PF para colaborar com as investigações", disse a Caixa, em nota.
A PF prendeu no sábado (18) o suplente de deputado federal Ernesto Vieira Carvalho Neto (PMDB-MA). Ele é suspeito de fazer parte do esquema de desvio de dinheiro. Procurado pelo UOL, o partido não quis comentar a prisão de Carvalho Neto.
Os agentes da PF também prenderam o ex-gerente-geral da agência da Caixa em Tocantinópolis, Robson Pereira do Nascimento. De acordo com a PF, Nascimento tinha senha para acessar o sistema do banco, que libera recursos de prêmios de loterias. Para liberar o dinheiro do prêmio é preciso enviar informações sobre o bilhete premiado e esperar a autorização do banco. Segundo as investigações, o ex-gerente liberou o dinheiro sem autorização e sem enviar as informações do bilhete.
A PF iniciou a segunda fase de investigações na segunda-feira (20). Segundo o delegado federal Omar Pepow, inicialmente foram identificadas as contas bancárias que mais receberam dinheiro do desvio e agora estão sendo analisadas os repasses menores. São pelo menos 200 contas bancárias envolvidas no esquema.
Do total de R$ 73 milhões, cerca de 70% já foram recuperados.
Os envolvidos responderão pelos crimes de peculato, receptação majorada, formação de quadrilha e da Lei 9.613/98 (lavagem de dinheiro), cujas penas somadas, caso condenados, podem chegar a 29 anos de reclusão.
A investigação da operação Éskhara da PF tem participação do Ministério Público Federal. Participam da operação 65 policiais federais dos Estados do Tocantins, Goiás, Maranhão e São Paulo.