As MPMEs (micro, pequenas e médias empresas) fornecedoras da indústria do petróleo e gás estão morrendo na praia na hora de obter recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Sem experiência ou assessoria contábil ou jurídica, essas empresas muitas vezes demoram até oito meses para concluir o processo, isso quando conseguem.
As MPMEs representam 85% das empresas do setor, segundo um estudo usado pelo próprio banco.
A falta de financiamento leva as empresas a não atingir os objetivos e complica ainda mais o desenvolvimento do setor, principalmente, quanto às exigências de conteúdo local às petrolíferas, segundo especialistas.
"Não adianta avançar sobre o custo de financiamento quando o acesso continua sendo o principal problema das MPMEs", disse o superintendente da Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo), Bruno Musso.
A direção do BNDES afirmou que tem tomado medidas para auxiliar as MPMEs a obter os recursos, mas que as dificuldades são grandes. Por causa disso, os desembolsos ao setor neste ano não devem alcançar os R$ 700 milhões previstos no início.
"As MPMEs dão mais trabalho, têm menos pessoal, menos conhecimento e levam mais tempo do que o normal para conseguir os financiamentos. Por isso estamos dando um suporte especial", diz Ricardo Cunha da Costa, do departamento da cadeia de petróleo e gás do BNDES.
Musso diz que reconhece a sensibilidade do banco de financiamento com o problema, mas cobrou avanços.
"A burocracia extrapola o BNDES, mas no que diz respeito ao banco também há muitas exigências para conseguir o financiamento."
"É preciso aumentar as facilidades e a quantidade de recursos para as MPMEs porque elas têm importância crucial na cadeia de suprimentos", disse Cristiano Prado, gerente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Para ele, só entendendo melhor o setor é que se poderá avançar na questão.
"O crédito precisa chegar para que os fornecedores possam contribuir para cumprir as exigências de conteúdo local do governo em relação às petrolíferas."
Das nove empresas que tiveram financiamento do programa BNDES P&G (de fomento à cadeia de fornecedores da indústria do petróleo e gás) nos últimos 12 meses, sete são consideradas grandes ou média-grandes.
De acordo com dados do banco, elas conseguiram juntas R$ 645,4 milhões para investimentos, enquanto as duas únicas MPMEs conseguiram R$ 55,8 milhões -8,64% do total.
Entre as grandes empresas que conseguiram financiamento, estão Odebrecht Óleo e Gás, Techint, Prysmian, Georadar, Ruhrpumpen, Brasco e Lupatech, essa última com 9,06% de participação acionária do BNDESPar, braço de participações do BNDES.