A companhia de alimentos BRF anunciou nesta quarta-feira, 7, o investimento de 2,5 milhões de dólares na startup israelense Aleph Farms, e quer produzir carne cultivada a partir de células bovinas não geneticamente modificadas em 2024, disse à Reuters um executivo da empresa.
“A Visão 2030 da companhia está alinhada em seguir construindo alimentação saudável e sustentável. E dentro deste pilar de novas proteínas, assim como a carne vegetal, a tecnologia de carne cultivada é um dos caminhos”, afirmou o vice-presidente de Novos Negócios da BRF, Marcel Sacco.
Diferentemente de outras parcerias e aquisições da BRF, dessa vez a companhia realizou uma transação de venture capital, que garantirá o uso da tecnologia da Aleph Farms.
Sacco ressaltou que a parceria com a Aleph Farms, um dos principais players mundiais em carne cultivada, foi firmada em março deste ano e é um passo importante no desenvolvimento de proteínas alternativas da BRF. Para o Brasil, ele acredita que há potencial de consumo, mas também será feito um trabalho para impulsionar o engajamento da demanda.
“Como qualquer inovação tecnológica, tem um trabalho cultural grande, o mesmo que aconteceu com as proteínas vegetais… Na medida que essa tecnologia estiver disponível na forma de produtos, vamos trabalhar isso”, afirmou.
A produção deste tipo de carne começa com a obtenção de células de alta qualidade de animais, porém sem o abate. As células são cultivadas fora do corpo do animal com o fornecimento de nutrientes e ambiente propício para seu desenvolvimento. Ainda em fase de testes, a proteína poderá chegar ao mercado brasileiro na forma de hambúrguer, almôndegas, embutidos como salsicha ou steaks.
O investimento fez parte da segunda rodada de captações da startup israelense que levantou 105 milhões de dólares entre diversas companhias pelo mundo. Somando os aportes obtidos na primeira rodada, o montante obtido chega a 118 milhões de dólares.
De acordo com comunicado da BRF, os recursos obtidos pela Aleph serão aplicados para executar planos de comercialização de carne cultivada em larga escala global e expansão do portfólio.
“Estudos realizados com base na metodologia de Análise do Ciclo de Vida apontam que a produção de carne cultivada tem potencial para reduzir significativamente a emissão de gases do evento estufa, além de diminuir o uso de terras para criação de animais em mais de 90% e o uso de água em até 50%.”
Com informações do Estadão*