A classe média brasileira se planejava e conseguia realizar algumas pequenas conquistas, como colocar o filho em uma escola particular, viajar de avião, trocar de carro ou ter um trabalhador doméstico. Hoje em dia o jogo virou do ponto de vista econômico.
Com o desemprego e a inflação, com o aumento exponencial dos preços da gasolina e da alimentação, o poder de compra do brasileiro reduziu e antigos hábitos precisaram ser abandonados.
Os números do Instituto Locomotiva, a pedido da Folha, mostram que a pandemia do novo coronavírus e a economia brasileira não estão sendo fáceis para o bolso do cidadão. Sobretudo a classe média, que precisou abandonar determinados "luxos".
Para se ter ideia, 26% das famílias entrevistadas tiveram que cancelar o plano de saúde que utilizavam.
E tem mais: 14% não consegue mais manter o filho em escola particular, 12% demitiu trabalhador doméstico e 52% não vai mais trocar de carro.
Em termos de perspectivas, elas também não são boas. 50% dizem que não vão conseguir pagar escola particular para os filhos e 49% não se imaginam usando um hospital particular. 56% não se imaginam andando de avião e 85% não têm condições de frequentar restaurantes.
Os números refletem a redução do produto interno bruto (PIB) per capta, que reduziu de US$15.450 em 2019 para US$14.916 em 2020.
A pesquisa do Insitituto Locomotiva foi feita por telefone e ouviu 1.820 pessoas de 72 cidades de todas as regiões brasileiras.