O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta sexta-feira (23), durante abertura da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), em Brasília, que o Brasil precisa de uma "nova agenda de desenvolvimento" por conta dos resultados registrados nos últimos anos.
"Precisamos superar desafios urgentes para que se mantenha um ciclo permanente de crescimento. A sustentação do modelo que temos hoje nos obriga a pensar em metas de crescimento. Tivemos zero de crescimento em 2009. Esse enfrentamento do ano passado nos vislumbra alguns desafios", disse Padilha a uma plateia de empresários.
Ao defender metas de crescimento para o país, Padilha não está totalmente alinhado com o modelo econômico vigente, pelo qual são priorizadas as metas de inflação. A meta central de inflação para este ano, e para 2011, é de 4,5%, com base no IPCA, tendo uma banda de dois pontos percentuais para cima e para baixo como intervalo de tolerância. O Banco Central tem argumentado, nos últimos anos, que dois tipos de metas não poderiam ser buscadas ao mesmo tempo.
Entretanto, no mesmo discurso, Padilha também afirmou que o controle da inflação é um tema central. "Para assumirmos a inflação como meta central do país, muita gente foi derrotada. Tivemos de ser derrotados em 1994 [no Plano Real, que pôs fim ao processo hiperinflacionário] para assumir que a inflação é um tema central", disse ele.
O ministro argumentou, também, que a crise financeira mostrou que o papel do Estado é fundamental. "A construção civil sentiu isso na pele. Os instrumentos públicos tiveram um papel importante", disse ele. Acrescentou que a crise internacional também demonstrou a força do Brasil. "Não dependíamos mais de 30% dos EUA, ou 65% dos EUA, UE e Japão", afirmou.
Em uma alusão ao pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, que disse neste mês que sua candidatura veio para "unir o Brasil", Padilha afirmou que o CDES é um fórum que já atua desta forma. "Hoje, muito se fala em unir o Brasil. Um dos espaços é o CDES. Porque ele foi construído de forma empírica, dialogando e negociando. Não tinha nenhum modelo teórico em como fazer antes de 2002. Não havia nenhuma cartilha em como fazer", disse ele.
"Estamos construindo um novo modelo de desenvolvimento econômico e social. Uma construção coltiva, fortemente negociada. É um contraponto aos modelos que foram construídos sem o debate democrático. Uma das questões fundamentais é que o tempo todo este conselho apostou no diálogo e na construção de consensos", declarou.