Brasil passa Hong Kong e Índia e se torna destaque em reservas

No ano passado, reservas cresceram US$ 49,5 bilhões, lembra BC.

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O Brasil ultrapassou a Índia, e Hong Kong, e passou a ser, no fim de 2010, o sétimo maior país detentor de reservas internacionais, informou, nesta sexta-feira (19), o Banco Central, por meio do relatório de gestão das reservas referente ao ano passado. No fim de 2009, o Brasil ocupava a nona posição no ranking de maiores detentores de reservas cambiais.

Ainda permanecem na frente do Brasil, no tamanho das reservas cambiais, os seguintes países, pela ordem: China, Japão, Rússia, Arábia Saudita, Taiwan e Coreia do Sul. Atrás do Brasil, no ranking divulgado pelo BC brasileiro, aparecem Hong Kong, India e os países da Eurozona.

No fim de 2009, lembrou o BC, o Brasil possuía US$ 239 bilhões em reservas internacionais, patamar que subiu R$ 49,5 bilhões em 2010, para US$ 288,5 bilhões, uma elevação de 20,7%. Recentemente, as reservas internacionais atingiram a marca inédita de US$ 350 bilhões.

Aumento das reservas

O governo acumula a moeda norte-americana de três formas: comprando dólares no mercado (via Banco Central) ou fazendo emissões de títulos da dívida pública - que são comprados pelos investidores e cujo pagamento é depositado nas reservas.

As reservas também variam por conta da remuneração das aplicações que são feitas com estes recursos - a maior parte em títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

No ano passado, o BC comprou US$ 41,4 bilhões no mercado à vista de câmbio. Este foi o principal fator que contribuiu para o crescimento das reservas no período.

Seguro contra crise

A vantagem de ter dólares em caixa é que isso dá garantias contra eventuais crises no mercado externo, como a da Rússia, em 1998, que acabou atingindo o Brasil, e as turbulências que atingiram a economia internacional no ano retrasado e, mais recentemente, nas últimas semanas.

Em 2008, na primeira fase da crise financeira, quando as linhas de crédito externas escassearam, o BC vendeu dólares das reservas para empresas brasileiras.

Nos últimos dias, tanto o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, lembraram que o alto volume de reservas internacionais é um fator que gera mais tranquilidade ao Brasil em um momento de piora da crise externa. A presidente Dilma Rousseff também fez a mesma afirmação.

Histórico das reservas

As reservas internacionais brasileiras chegaram ao fundo do poço no fim de 1998 e início de 1999, logo após o anúncio de moratória (não pagamento da dívida externa) por parte da Rússia. Naquele momento, houve uma fuga de capitais de todos os países emergentes, inclusive do Brasil, e, para manter o câmbio fixo, o Banco Central, sob a tutela de Gustavo Franco, teve de lançar mão das reservas e vender dólares ao mercado financeiro para segurar a cotação do real. Naquela época, as reservas já haviam caído para US$ 24,4 bilhões.

Com a adoção do câmbio flutuante, ou seja, sem metas para a taxa de câmbio, as reservas deixaram de ser utilizadas para conter a subida do dólar. A conseqüência imediata foi a disparada da moeda norte-americana para cerca de R$ 3,00. Entretanto, até o fim daquele ano já retornaria para um patamar ao redor de R$ 2,00 por dólar em conseqüência ao aumento da taxa básica de juros da economia.

Com o processo de recomposição das reservas, iniciado em 2004, o Banco Central voltou a comprar dólares, o que tem elevado, desde então, o patamar das reservas cambiais. No fim de 2005, as reservas já estavam em US$ 53,8 bilhões, avançando para US$ 85,8 bilhões no fechamento de 2006 e para US$ 180 bilhões no final de 2007. No fechamento de 2008 e de 2009, respectivamente, as reservas alcançaram as marcas de US$ 206 bilhões e US$ 239 bilhões.

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